domingo, 3 de março de 2024

Fogo amigo

"Acabou o tempo da pesquisa de opinião como verdade inquestionável." E acabou também aquele em que a esquerda dizia que fazer uma afirmação dessas era negacionismo, pois quem escreveu a frase acima foi Lúcia Guimarâes, a jornalista brasileira que vive em Nova York há 350 anos (na margem de erro).

Como muitos outros simpatizantes do velhote woke pirado, Lúcia está indignada com a recente pesquisa que deu vários pontos de vantagem para Donald Trump. E todos eles se mostram furiosos com quem a bancou e publicou, soltando fogo pelas ventas contra o velho amiguinho New York Times.

Então o estuprador serial Trump está empatado com Biden entre as mulheres? Não pode. 23% dos afropretos vão votar num cara com topete laranja? Não pode. E assim vai. Eles até acharam dois motivos para o erro: a pesquisa foi feita por telefone e apenas mil pessoas foram entrevistadas.

O estranho é que eles sempre criticavam quem desconfiava das pesquisas por coisas assim. Será que fizeram um exame de consciência e mudaram de opinião? Pode apostar que não, se uma pesquisa com 500 pessoas disser amanhã que o Biden está liderando eles a defenderão novamente como se nada tivesse acontecido.

Fogo se fazendo de amigo

No Brasil, o famigerado Ortellado quer nos convencer que é do outro lado, mas não tem lado. Depois de ter encontrado 30 mil e 185 mil pessoas na última manifestação de Bolsonaro, ele volta com a história de "grupo da USP" e diz que o problema é que a Universidade precisa reconquistar a confiança da direita.

É óbvio que, com o apoio silencioso da imprensa, ele está tentando se consolidar como "calculador oficial de público", sério e técnico. Mas o Paulo Figueiredo se deu ao trabalho de analisar o seu estudo - três páginas com fotos de drones e argumentos - e disse que era um negócio bem fraquinho e direcionado.

O próprio Ortellado se entrega ao dizer que só considerou a Paulista (sem as adjacências nas quais a SSP disse estar um quinto do público total) e encontrou 185 mil pessoas no auge da manifestação (sem considerar que, nesses eventos que duram quase o dia inteiro, tem gente que sai antes do auge ou chega depois).

No passado, foi possível verificar que a melhor estimativa era a da PM (SSP), que calcula público profissionalmente para calcular o efetivo a enviar. Na época do Docinho ela soltou números absurdos por ordem de chefe. Mas, se Tarcísio não está fazendo o mesmo em sentido contrário, seu levantamento ainda é o mais confiável.

Fogo nada amigo

Nós falamos dela em dezembro passado (aqui). A Moldávia se separou da Romênia e tentou emplacar o romeno e o alfabeto latino como oficiais. E a Transnístria se separou da Moldávia para manter a cultura dos russos que Stálin instalou ao longo do Dnieper. A Moldávia não gostou, Moscou enviou soldados para lá e a situação se acalmou.

Pois os moldavos resolveram incomodar de novo, bloqueando importações e tomando outras ações que prejudicam a economia da Transnístria. Como esta não é reconhecida por ninguém além de três países que também não são reconhecidos fora do grupinho, só lhe restou chamar o irmão mais velho.

E, segundo canais europeus como DW e BBC, o mano Putin parece disposto a entrar nessa confusão, levando soldados para o outro lado da Ucrânia (com quem a Transnístria também faz fronteira) e ameaçando a Moldávia (que não faz parte da OTAN, mas está grudada na Romênia, que faz). Jogo duro.


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