sábado, 2 de março de 2024

Ação externa

Algumas coisas legais sobre a entrevista do Tucker Carlson com Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo. A primeira, claro, é a repercussão mundial. O vídeo foi traduzido para várias línguas, milhões de pessoas já o assistiram e creio que há uma boa chance do assunto ir à frente.

Para isso colaboram os partidos e movimentos conservadores/direitistas que crescem em todo o Ocidente e, com variações em cada caso, compartilham a crença de que há algum tipo de conspiração esquerdista/globalista que vai suprimir nossas liberdades.

Paranoia, desdenham os adversários. Uma teoria distante, dizem outros. Não mais, pode-se responder agora. Está acontecendo naquele exótico canto do mundo que tem um lugarzinho no imaginário de todos. Pode ser comprovado via internet e inclui eventos grotescos como eleições que não podem ser auditadas, prisões por opinião etc.

E claro que isso é lá, país meio bagunçado do Terceiro Mundo, onde a imunidade é menor. Mas quem garante que o vírus não se fortalecerá e também nos atingirá? O Brasil pode se tornar um case a apresentar.

Outra coisa bacana foi a reação da petista Monica Bérgamo. Sem poder negar as denúncias dos entrevistados, ela se limitou a chamar TC de mentiroso por ter dito que foi após a eleição do ex-presidiário que veículos de direita passaram a ser fechados. O Terça Livre foi fechado antes, ela disse. Meu padim não fechou nenhum, acrescentou.

TC apenas simplificou o assunto para apresentá-lo a um público que o desconhecia, foi o STF aliado ao PT quem fechou o canal, agindo desde antes da eleição que direcionou. Mas creio que a raiva da Monica não foi pela imprecisão, foi por perceber que a versão da direita pode correr o mundo sem que ela e seus coleguinhas nada possam fazer.

E imagine isso crescendo, o sujeito lá fora sabendo que o dinheiro com que a filha de 15 anos de um exilado sustenta os irmãos menores foi bloqueado pelo STF. Ou vendo o vídeo em que o juiz da partida se jacta de ter derrotado um dos times. Ou ouvindo o "argumento jurídico" de que um tribunal pode censurar a internet por utilizá-la.

As barbaridades que os militantes de redação anunciam aqui como se fossem parte da natureza não se sustentam longe do universo paulofreiriano. No exterior elas parecem primárias, imbecis, ridículas. E, também, curiosas e atraentes.

Como já fez quando entrevistou Bolsonaro, TC procurou apresentar o que acontece no Brasil como uma (péssima) decisão do governo Biden. Neste momento, isso demonstra que há interesse em manter o tema vivo para utilizá-lo, ainda que secundariamente, na próxima eleição americana. Chegou a ser sugerido que o Tucker entrevistasse a juíza Ludmila Grillo, teremos mais do que vimos nos próximos meses.

Depois da eleição é outra história. O Paulo Figueiredo tem dito que o Trump deve olhar com carinho para o nosso caso se for eleito, o que seria maravilhoso. Mas isso é "se" e "depois", até lá dependemos de comunicadores como o TC. E, quem sabe, de quem tenta seguir caminho similar na Europa.

Toca aí, Tucker!

Tu também, Tavares!


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