Se o Natal é época de combinar verde com vermelho, na bandeira da Transnístria isso acontece o ano inteiro. Sim, ela é de verdade. Apesar da pequena divulgação, da omissão da maioria dos mapas e do nome que parece retirado de gibi do Pato Donald, essa nação existe e situa-se entre a Moldávia e a Ucrânia.
Acompanhando o serpenteante Dniester, responsável pela origem do seu nome, seu estreito território tem cerca de 3.500 km² e abriga em torno de 500 mil habitantes, metade dos quais vive em duas cidades que seriam uma só se não fossem separadas pelo rio, a capital Tiraspol e Bender.
Vizinhas, mas distintas. Em Bender você quase entende tudo que aparece no Google Maps, pois os nomes dos logradouros estão em romeno, língua latina também falada na Moldávia. Mas, como Papai Stálin encheu aquela parte do império soviético de migrantes, os nomes em Tiraspol estão em russo ou ucraniano.
A briga que deu origem ao país foi cultural. Depois que o muro caiu, a Moldávia se separou da Romênia, mas decidiu privilegiar o alfabeto latino e o ensino da língua romena. Isso desagradou os descendentes de russos concentrados na Transnístria, que desejavam manter sua língua e seu alfabeto cirílico.
A chapa esquentou e a região declarou sua independência. Houve troca de tiros e baixas dos dois lados, mas a Rússia enviou uma guarnição que se instalou definitivamente em Tiraspol e o governo da Moldávia achou melhor deixar quieto.
Desde então a turma de lá leva uma vida aparentemente tranquila, com um pé na economia de mercado e outro - que os jornalistes da Globo não desconfiem - no saudosismo da foice e do martelo.
O clima das imagens é de cidadezinha do interior. No entanto, nem tudo são flores. Um dos dois grandes problemas dessa jovem nação é que as outras não a reconhecem. As exceções são três: Ossétia do Sul, República Artsaque e Abecácia. O outro problema é que ninguém fora desse grupinho reconhece nenhuma delas.
Porém os quatro patinhos feios não se apertaram, criaram a Comunidade para a Democracia e os Direitos Humanos, uma espécie de ONU dos enjeitados, onde ficam conversando entre si. Reunir essa turma na mesa de um boteco e tentar oficializá-la, está aí uma missão que poderia render um Nobel. Fica a dica.
Também dá para seguir o exemplo dos russos, defender que a Transnístria tenha um status especial e montar um consulado em Tiraspol. Não tem hotel muito chique por lá, mas seria mais uma boquinha para distribuir entre os companheiros.
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