terça-feira, 18 de novembro de 2025

Não pode reclamar

Muitos estrangeiros se incomodam com a mania brasileira de não dizer as coisas diretamente. "Interessante, temos que estudar a viabilidade comercial" não significa que a empresa vai realmente analisar o produto (provavelmente é o contrário), "a gente precisa se ver" é só um modo de se despedir, e por aí afora.

Mais divertidos, no entanto, são os brasileiros que se ofendem quando um estrangeiro não gosta de algo e expressa sua opinião com clareza. Ainda mais quando o sujeito é chanceler da Alemanha e declara que "todos ficaram felizes por termos voltado, principalmente por sair daquele lugar".

Aquele lugar é Belém do Pará, onde ele e os jornalistas alemães que ficaram felizes em voltar participaram de um evento que precedeu a FIASCOP. Bastou uma rápida convivência com o calor infernal, a baderna das ruas e a "organização" do desgoverno para todos valorizarem a sua terra natal.

Merz só disse a verdade, pois já houve COPs no meio do deserto e tudo funcionou como deve ser num evento internacional. Porém, ao invés de reconhecerem a sua incompetência e pedirem desculpas, alguns petistas estão querendo que o alemão se desculpe por "ofender o Brasil". Ar-condicionado quebrado pode, reclamar não.

Desconfio que o escândalo só não é maior porque eles ainda têm esperança de que a Alemanha injete alguns bilhões no TFFF (Thief's Forest Forever Facility?), a sacada lulopetista para arrancar dinheiro de incautos a nível internacional. Se a grana não vier, até nazista o Merz se tornará. 

Patriotas

Mais ridícula ainda é a argumentação dos militantes petistas nas redes sociais. Segundo repete bovinamente o rebanho, reagir agressivamente às palavras do chanceler alemão seria uma questão de patriotismo. Logo, os direitistas que analisaram os fatos e lhe deram razão não seriam patriotas como gostam de dizer.

É o mesmo raciocínio utilizado no caso das tarifas e das sanções aplicadas aos violadores de direitos humanos. Para os petistas, patriotas de araque que não conseguem vestir a camisa da Seleção, patriotismo seria defender arbitrariedades pelo simples fato delas serem praticadas por brasileiros.

Mas o nome disso não é patriotismo, é passar pano. O certo é o contrário, defender seu país e querer seu bem implica em reconhecer suas falhas e tentar corrigi-las. O que se pode fazer quando esse reconhecimento coincide com o diagnóstico sincero de um estrangeiro?


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