segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Dos dois lados

Eles vão se movendo e a gente vai observando. Uma das últimas dos petistas da Quaest foi uma pesquisa em que o eleitorado brasileiro se dividiria entre: esquerda lulista (18%), esquerda não lulista (13%), independentes (31%), direita não bolsonarista (22%) e direita bolsonarista (13%).

Uma observação óbvia é que "não lulista" e "não bolsonarista" não significa necessariamente que o eleitor não votará nesses nomes. O sujeito pode não ser muito fã de Bolsonaro, mas achar que não há ninguém melhor que ele ou quem ele indicar. E o mesmo acontece com o descondenado no campo oposto.

Porém há diferenças entre as facções. Uma delas é que, embora o critique (como faz, por exemplo, o PCO), o esquerdista sempre vai apoiar Lule, ao menos no segundo turno. Mas há quem seja lulista apenas porque caiu na conversa de pai dos pobres ou leva alguma vantagem pessoal, sem ter ideologia alguma. 

Do outro lado é o inverso. O bolsonarista defende valores associados à direita e votaria em alguém dessa linha se Bozo não concorresse, mas nem todo mundo que se diz de direita votaria nele, mesmo no segundo turno. Existe a "direita" do teatro de tesouras, que critica a cena do crime no palco e a divide com o petismo nos bastidores.

Falou em falsa direita que na prática auxilia o PT, você pensa no MBL, grupelho que por sua fidelidade à causa está ganhando pontos no sistema; o TSE lhe deixou o caminho livre para criar um partido, o tal Renan tem aparecido repetidamente na Folha etc.

Mas o modo como o movimento será usado deve ser diferente em 2026. Percebe-se isso numa reportagem em que a revista Veja parte da pesquisa acima citada para dar uma volta muito interessante. Se você quiser ler o artigo inteiro, seu título é: Direita 'não bolsonarista' é maior e mais radical que a bolsonarista.

Esse radicalismo é em relação ao combate ao crime, já que as duas direitas apoiam a linha dura contra a bandidagem, porém a não bolsonarista com índices um pouquinho maiores que os da bolsonarista. A Veja conclui que isso abre espaço para candidatos mais radicais e dá voz a um entrevistado, que diz:

Acho que nós somos realmente muito mais radicais em relação a algumas pautas. Em relação à segurança pública, por exemplo, a gente defende uma declaração de guerra ao crime organizado, com o endurecimento das leis penais (...) O Bolsonaro esteve na presidência e não fez nada (...)

O autor dessas palavras é o Kim das dancinhas, que de combater bandido entende de vilão em videogame. É evidente que a Veja está tentando vendê-lo como representante dos 22%. Ou um deles, pois até a eleição pode surgir um novo Pablo Marçal ou similar.

Assim, em 2022 o MBL tratava Bolsonaro como o radical a ser trocado por uma "direita" ao estilo tucano. Agora outros ocuparão esse espaço e os menines serão deslocados para o ponto oposto do espectro, antes vazio. Com isso a direita que tem voto perderá alguns (não importa quantos) dos dois lados, por ser e por não ser radical. 

É a missão que os garotos receberam. E podemos ter certeza de que eles a cumprirão melhor que os demais ladrões de votos da direita, pois já têm o discurso do segundo turno pronto: 

- Não vote em ninguém porque são todos iguais... Mas se quiser votar lembre que o bolsonarismo é pior porque não deixa a verdadeira direita combater o petismo (e agora a criminalidade) como se deve.

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