terça-feira, 25 de novembro de 2025

Dez graças

Três Graças, atual fracasso das nove na Globo, conta a história de três "mães solo". Lígia teve Gerluce, que teve Joélly, que virou adolescente e engravidou como a mãe e a avó. Dizem que deveria ser "as três dão de graça", pois o sujeito come e não precisa casar, mas o fato é que a nossa mídia também anda embalando três histórias sem pai.

Cuidando carinhosamente dessas crianças que ninguém assume como suas, a militância de redação evita expô-las à zombaria dos maldosos, mencionando-as apenas quando absolutamente necessário e da maneira mais breve possível.

A mais constrangedora é a que tinha um pai que parecia orgulhoso, mas sumiu quando o pessoal se espantou com a feiura do bebê. A FIASCOP de Belém foi um desastre maior e mais caro do que a nova trama da emissora dos Marinho - pelo qual, no fim das contas, o povo é quem paga também.

A outra envolve um desses homens jovens que já são quarentões. Se fosse alguém do MBL, onde esses tipos abundam, a mídia o chamaria de direitista e não falaria de outra coisa. Mas é o petista cabeludo do Paraná, que agrediu o rapaz do estacionamento e acabou com o nariz quebrado - o que você só sabe porque viu no X, não no jornal.

E a criança mais cabeluda é a do Vorcaro e seu banco Master. Ali não dava para alegar que foi racismo ou invocar a salvação do planeta. Os maledicentes já estavam atacando até os advogados do banco e a pobre mídia não sabia mais o que dizer... Até que, repentinamente, surgiu outro assunto para desviar as atenções.

A prisão

Foi uma dessas coincidências típicas de novela. Alegando que uma vigília de orações poderia derrubar o governo, o juiz decretou a prisão de quem já estava preso e cercado em sua casa. Isso tomou as manchetes e ninguém mais falou da FIASCOP, do petista agressor e do... do... como é mesmo o nome do sujeito? 

Para facilitar houve o episódio da tornozeleira rompida, que, apesar de incluso na ordem de prisão no último minuto, foi tratado pela mídia como o seu motivo principal. Isso é uma mentirinha, uma fake news, mas a gente tem que entender, a notícia também precisa ter um enredo novelesco para chamar a atenção. 

Quem matou quem?

Acelerando na fake para levar o desvio mais longe, a militância de redação aproveitou para decretar, pela milésima vez, que Bolsonaro acabou. A imagem do ferro de solda e da tornozeleira, sua desculpa de que a mescla de remédios e injustiça o fizeram entrar em surto, nada disso seria perdoado pelo povo que definitivamente o abandonou. 

Será? Bolsonaro perdeu votos na classe média de 2018 para 2022, mas não de lá para cá. E ele teve mais votos em 22, o que significa que cresceu entre o povão. Aquele povão que se identifica com quem fala inglês errado (motivo de zombaria da mídia em sua "morte" anterior) ou é atacado pelos maus e poderosos.

Pensando nisso, eu reescreveria esse capítulo com outro enredo: ele não abriu a tonozeleira por acaso na mesma hora, mas após ser informado (por quem e como se vê depois) de que seria preso; com isso ressaltou que é perseguido apesar de doente (foram os remédios) e o aspecto antirreligioso (contra a vigília) dessa cruel perseguição.

Você pode achar que a hipótese é novelesca demais, mas eu tenho mesmo a tendência a imaginar essas tramas. Aliás, se a Globo quiser, me ofereço para tentar salvar a Três Graças enquanto há tempo. Eles não precisam nem se preocupar com o valor, só cobro taxa de sucesso e aceito meu pagamento em atrizes iniciantes. 

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