Se for bem paga, a Globo não se importa de passar vergonha. A frase é do jornalista e atual youtuber Ricardo Feltrin, que me aparece toda hora por lá porque eu de vez em quando assisto e que transita entre assuntos que vão das intrigas de bastidores do meio artístico aos efeitos das tarifas trumpistas em nossa economia.
Orgulhoso de sua independência, Feltrin apresenta como prova dela o fato de poder andar tranquilamente por aí agora que se tornou um rosto conhecido. As pessoas o param no restaurante, às vezes dizem que não gostaram do que ele disse sobre seu político preferido, mas não o hostilizam.
O mesmo não acontece com sua ex-colega de Folha, Daniela Lima, que não soube a diferença entre jornal e TV e se transformou numa militante que nem a Globo aguentou. Tem emprego garantido na mídia abertamente petista, mas não pode andar pela rua sem preocupação. Do jeito que ele falou, quase deu para pensar em ter pena.
Mas apesar de tê-la demitido, a Globo é aquela da frase de abertura e a vergonha que a emissora passou (em troca de alguma recompensa extra, parece óbvio) é a do final da novela Vale Tudo. Mais especificamente de um trecho em que um pai riquíssimo mostra ao filho sua fé no Brasil e em nossas fantásticas realizações.
Claro que um multimilionário pode adorar o PT. Até deve, quem mais lhe pagaria juros tão altos e lhe ofereceria tantas outras oportunidades de multiplicá-lo sem esforço numa maracutaia qualquer? A verdadeira elite apoia o seu eterno pelego, mas o discurso do ator era o daqueles zumbis petistas que às vezes aparecem por aí.
Era o SUS que os americanos não têm, era a agricultura que alimenta o mundo, era isso, era aquilo. Até a urna eletrônica entrou na história! Como se o mundo não estivesse repleto de EVMs (Máquinas de Votação Eletrônica) e a particularidade da nossa não fosse a impossibilidade de imprimir o voto para auditá-lo.
Feltrin tinha razão em sentir vergonha alheia. Mas se o desgoverno investiu nisso é porque existe quem compra o discurso. Talvez sejam apenas os que já compram e terão sua visão reforçada porque "a novela disse". De qualquer modo, é triste lembrar que parte do eleitorado pode ser enrolado desse modo primário.
Lágrimas nos bastidores
Voltando à gordota, uma boa observação do Feltrin: gente como ela não tem nenhuma fonte confiável na atual oposição, se o governo muda, seu valor no mercado jornalístico desaba. A militância é quase sempre um caminho sem volta, o que pode levar o militante a ser cada vez mais fervoroso.
Ah, e nem ela nem os colegas sabiam da demissão. Todos ficaram chocados, Natuza até chorou. Depois elas devem ter se telefonado e tomado um café juntas para curar as feridas. Só resta saber na casa de quem, pois nenhuma das duas pode ir ao shopping como fazem as amigas normais.

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