A decisão coloca em xeque a seriedade da instituição, se até a casa que deveria zelar pela palavra e pela ética se permite reinterpretar seu estatuto ao sabor das conveniências, o que resta para outras instituições.
O trecho acima, retirado de um artigo da Gazeta do Povo, não se refere ao STF, ao iogue chorão ou ao violador de direitos humanos já sancionado. A instituição em questão é a Academia Brasileira de Letras e quem está jogando seu nome na sarjeta é Merval Pereira, o popular Merdal da Globo.
Merdal, acredite, é golpista. Não um daqueles que produzem "golpes" que, tal como na história da roupa do rei, só os manipuladores e os ignorantes manipulados conseguem ver. Ele é golpista de verdade, dos que fazem de tudo para não deixar o poder.
Esse poder é a presidência da ABL. E o golpe de Merdal não consistiu em deixar outro presidente entrar e depois mandar velhinhas para derrubá-lo com clássicos da literatura nas mãos. Ele manipulou a situação enquanto estava na presidência para cancelar as eleições e estender seu mandato de quatro para cinco anos.
Diga-se a seu favor que o tempo de mandato e as regras para escolha do presidente da ABL sofreram várias alterações depois que o eterno Austregésilo de Athayde a presidiu por 34 anos. De lá para cá os mandatos já duraram um, dois ou quatro anos, e já foram renováveis ou não.
A diferença é que as alterações anteriores seguiam a norma geral para esse tipo de tema e só valiam a partir do presidente seguinte. Merdal manobrou politicamente para estender o próprio mandato, mostrando seu pouco caso com a palavra, a ética e a seriedade mencionadas na citação inicial.
Mudando a regra no meio do jogo, ele trilhou os caminhos daqueles que "reinterpretam" estatutos internos, leis ordinárias e o próprio texto constitucional de acordo com seu interesse momentâneo. Será por isso que, em seus comentários nos jornais e na TV, ele tanto defende esses malandros e suas malandragens?
E amanhã?
Como todo golpista, Merdal promete que é só desta vez e diz buscar um bem maior, que no seu caso é a necessidade de concluir projetos que estão em andamento, como a venda de imóveis para equilibrar financeiramente a instituição e o lançamento de um novo Dicionário da Língua Portuguesa.
O que dirá o verbete "golpe" no novo dicionário? E quem sucederá Merdal? Gilberto Gil? Fernanda Montenegro? Miriam Leitão, em um novo golpe para manter a Globo no poder? Façam suas apostas, a minha é o índio que não sabe escrever muito bem em português. Ele é representativo.
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