Foi demais até para o baixíssimo padrão da militância de redação. Levando ao pé da letra elogios formais e tratando como conquista um contato do qual o "conquistador" era quem fugia, o Consórcio tentou vender a ideia (bem resumida na ilustração acima) de que Trump havia sucumbido à tenacidade e ao charme do criminoso descondenado.
Esqueça que um dia antes eles cortaram o visto de meio mundo, que Trump começou a falar de nós na ONU descascando a ditadura judicial, que os petistas se apavoraram quando ele jogou a isca do encontro com química. O que importa é só o que ele disse depois, quando foi totalmente sincero ao relatar seu encantamento com o ladrão.
Hoje alguns ainda estão nessa, particularmente no Ex-tadão. Canhotede e Fabiano Lana, por exemplo, garantem que agora acabou para o bolsonarismo, pois a sua força se baseava no conceito de que só era possível falar com os EUA através da dupla Figueiredo/Eduardo. De onde eles tiraram isso, eu não tenho a mínima ideia.
Outros se apegam ao fato de Bolsonaro não ter sido mencionado na conversa preliminar para dizer que Trump o abandonou. Mas que sentido teria falar disso naquele momento? Inversamente, ao não tentar reverter alguma no telefonema, o Molusco agora concorda com as tarifas e as sanções?
Porém essas são aquelas exceções que ainda estão na festa, bebendo o que sobrou. A maioria acordou com dor de cabeça e um gosto amargo de Marco Rubio na garganta. Há outras manchetes na mesma linha, mas a melhor vem da Folha: "Governo aposta em orientação de Trump para contornar perfil ideológico do negociador dos EUA."
Imagine só, Trump nomeou o cara "ideológico" para negociar com o Brasil, mas não quer que ele seja ideológico. Não seria então mais fácil ter nomeado alguém da área comercial ou financeira? Parece aquele time sem reservas em que o técnico escala o volante truculento na zaga e o orienta a bater menos para não fazer pênalti.
Para terminar, uma do Ex-tadão, também muito boa: "A esperança do governo na boa relação do chanceler Mauro Vieira com Marco Rubio." O texto sustenta que eles se dão bem porque conversaram de forma reservada em julho e, até onde se sabe, o americano não mordeu o auxiliar do Celso Amorim.
Sei não, quando sua esperança está depositada no Mauro Vieira é porque alguma coisa errada você deve estar fazendo. Aguardemos os próximos acontecimentos.
Sem acordo
A resposta está certa: a Faixa de Gaza foi arrasada, milhares de palestinos foram mortos ou estão desabrigados e o Hamas ainda sobrevive nas sombras e mantém alguns reféns. O que está errado é a pergunta do portal DW: O que Israel conseguiu em dois anos de guerra em Gaza? A pergunta correta seria: o que o Hamas conseguiu?
Outros aproveitam o aniversário do evento para lamentar que não se tenha chegado a um acordo bom para as duas partes. Mas ali não tem acordo, não é possível confiar que, existindo algum, o Hamas (ou quem possa substituí-lo) viesse a cumpri-lo. É necessário impor uma solução unilateralmente.

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