Ele chamou amigos favorecidos como os JBS e inventou às pressas um encontro com empresários locais, mas todos sabem o que fez o descondenado atravessar o mundo para aparecer na Malásia ao mesmo tempo em que o país sediava uma cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
Depois de ser apertado por Trump na ONU, ele sabia que teria que deixar o esconderijo do discurso de soberania ofendida e encontrá-lo pessoalmente, mas tinha medo de ser esculachado em uma reunião na Casa Branca. Quando soube que Trump participaria da ASEAN, voou para lá e torceu para ele lhe dar alguns minutos de atenção.
Ok, mas o que Trump fazia por lá? Deixando de lado os salamaleques e as questões menores, o americano estava decidindo o futuro das chamadas terras raras, hoje processadas quase integralmente na China, que também tem o maior depósito mundial desse insumo.
Com a China, que é indispensável a curto prazo, ele resolveu rapidamente o problema. Ameaçou subir as tarifas para 100% e deixou o Xi pensar em quem quebraria primeiro, os EUA sem os materiais chineses ou a China sem o mercado americano. Como o chinês não é um bobalhão populista, o acordo saiu logo.
A longo prazo, Trump se acertou com a Austrália, tradicional parceira americana que possui o segundo maior depósito mundial de terras raras e receberá investimentos e tecnologia para passar a processar pelo menos 20% da produção mundial delas nos próximos anos, quebrando o quase monopólio chinês.
Além disso, alguns países do Sudeste Asiático (da ASEAN) também têm grandes depósitos de terras raras. E Trump aproveitou a cúpula da região para fechar um acordo pelo qual eles passarão a processá-las na Austrália, que é quase tão próxima quanto a China e não os ameaça potencialmente como esta.
Enquanto isso, naquele país
Processá-las nem pensar enquanto existir um Ibama, mas o Brasil também tem um grande estoque de terras raras e poderia obter alguma vantagem nessas movimentações. O problema é chegar tarde demais. Tentar fechar um bom negócio com um cliente que já garantiu seu abastecimento fica mais difícil.
Assim, não parece muito realista a ideia de que basta colocar nossas terras raras na jogada para Trump esquecer das exigências que fez. Claro que para os EUA é bom dominar mais estoques, mas eles podem deixar essa definição para depois, ou podem nos apertar com mais tarifas como fizeram agora com a China.
Aliás, pensando a longo prazo, o mais importante para os EUA pode não ser um produto específico, mas retirar nosso país das mãos dos que querem transformá-lo numa colônia chinesa. Nesse caso, recuperar nossa liberdade de expressão e anular as condenações políticas ainda serão exigências para um futuro acordo.
Vamos ver o que acontecerá. Claro que a visão de quem só pensa em enrolar analfabetos para ter seus votos e permanecer no poder é diferente, mas um dia os petistas terão que parar de fazer uma reunião para marcar outra reunião.
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