sábado, 4 de outubro de 2025

Ommm

Teve eleição no Nepal, mas calma porque não tem nada aqui de que o Flávio Dino não vá gostar. Escolhida como a nova Kumari - a "deusa virgem" reverenciada tanto pela maioria hindu como pela minoria budista do país - Aryatara Shakya já deixou a casa de seus pais e se instalou no palácio onde passará os próximos anos.

Para Dino ficar ainda mais tranquilo, o processo foi conduzido por um pequeno grupo de especialistas, uma espécie de STF espiritual que sabe o que é melhor para a nação e não se preocupa com a opinião do populacho. Eles nem precisaram pedir emprestadas as urnas mágicas do vizinho Butão.

Seguindo as comparações, as Kumaris não podem ser oriundas de uma casta inferior (como seria o bolsonarismo em nosso mundo laico). Elas sempre pertencem a alguma família dos clãs Shakya da comunidade Newar do vale de Katmandu (os tucano-petistas dessa história).

Tal como nossos ministros, essas deusas são eleitas quando novinhas para que permaneçam bastante tempo no cargo que deve ser deixado antes da puberdade - com 2 anos e 8 meses, Aryatara vai substituir uma antecessora que está com 11 e a partir de agora será considerada uma pessoa comum.

Nem tudo é igual, pois a Kumari precisa prender seu cabelo em coque e nós temos até ministro careca. Mas as deusas devem pintar um terceiro olho na testa para indicar a clarividência que nossos deuses adquiriram ultimamente. E elas sempre devem se vestir de vermelho, o que eles fazem mesmo quando estão com roupas de outra cor.

E Brahma?

Não estamos falando da cerveja e do metanol nas bebidas. Referimo-nos a outra fantástica coincidência entre as deidades de terras tão distantes, pois o ministro Barrosa anunciou que realizará um retiro espiritual junto à comunidade Brahma Kumaris.

A semelhança se explica porque "kumari" significa "filha" em sânscrito. A Filhas de Brahma recebeu esse nome quando seu fundador, Brahma Baba, resolveu deixar seus bens e ensinamentos para oito seguidoras, algumas das quais ainda estão vivas atualmente; um caso de empoderamento feminino que o ministro deve ter levado em conta ao escolher a seita de sua devoção.

Finalmente, Brahma Baba deixou o plano terreno em 1969, mesmo ano em que o então distrito de Rondinha emancipou-se de Passo Fundo. O que nos leva de volta ao STF porque foi lá que nasceu o seu atual presidente, Edson Fachin. 

À primeira vista parece que estamos em mundos isolados um do outro, mas é impressionante como tudo combina. Depois ainda tem quem estranhe que a gente utilize as mesmas urnas do Butão.



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