sábado, 18 de outubro de 2025

Insegura também

Dia desses colocaram aqui o vídeo de uma moça que visitava Cuba pela primeira vez como turista, sem preferências políticasO vídeo é pequeno, deve conter apenas cortes de outro maior que inclui praias bonitas e experiências agradáveis. Mas na parte destacada, que parece ter sido filmada em Havana, a situação é bem diferente.

Primeiro a nossa viajante passa pelo desconforto de comer num restaurante de rua e ver as pessoas que passam olhando comprido para a refeição apetitosa que a maioria delas nunca experimentará. Depois ela anda pelas ruas e diz que foi assediada e se sente insegura, tão ameaçada quanto se estivesse em Salvador.

Ela é uma moça atraente, está sozinha num país estranho, não tem polícia por perto etc. Mas será que o assédio não foi só um galanteio mais grosseiro e alguém realmente corre o risco de ser atacado por lá? Fidel dizia que Cuba era o país mais seguro do mundo, mas sua opinião estava longe de ser isenta.

Criminalidade em alta

Fomos conferir e descobrimos que, apesar da sua população não ter armas de fogo, os assassinatos têm aumentado na ilhota. Em reportagem de um ano atrás, a BBC anuncia que "Cuba vê a criminalidade disparar", com gangs que disputam a produção e distribuição de uma droga chamada "químico" e resolvem suas diferenças à faca. 

Além disso, combinando a crise econômica e a ausência de perspectivas com a impunidade garantida por uma polícia extremamente relapsa, as ruas mal iluminadas de cidades como Havana têm se tornado palco de frequentes assaltos a visitantes que circulam com os preciosos dólares. 

Aparentemente, como norma, os males não se conversam: os cubanos sem dinheiro precisam se preocupar em não provocar nenhuma gang e os turistas apenas com a carteira. Menos mal para quem é de fora. Mas a menina do filme tinha razão, é como Salvador (ou outra de nossas capitais).

Só agora?

Décadas de artistas e jornais defendendo a ditadura cubana tendem a nos fazer pensar que esse problema é recente e houve uma época em que o país era realmente tranquilo. No entanto, mesmo sem nunca ter colocado os pés em Cuba, eu sempre desconfiei que a segurança deles estava longe de ser a maravilha que falavam.

Está e estava nos filmes e nas fotos, era só olhar. Quando você sai dos cenários principais e anda pelas ruas normais, praticamente toda porta e janela tem grade. A revolução foi há quase setenta anos, se tivesse resolvido o problema da segurança as grades já teriam sido há muito retiradas.

Em suma, eu acho que nossos militantes de esquerda nas redações e nas artes ainda estão dourando a pílula quando dizem que "agora" a ilha ficou insegura. Sempre foi, só não havia gente independente filmando e contando o que acontecia por lá. Fidel mentiu pra você, lamento informar.

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