quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Eles estão entre nós

Mais de um quarto da população brasileira vive hoje sob o que se chama de "governança criminal", o domínio completo ou a forte influência de alguma organização criminosa que a obriga a adquirir produtos e serviços monopolizados, pagar taxas diversas e até mesmo seguir certas regras de comportamento.

O percentual de 26% corresponde a cerca de 55 milhões de pessoas e foi obtido por um estudo recente da Cambridge University Press. No ano passado, considerando apenas os casos em que havia a circulação ostensiva e constante de membros de facções em seus bairros, o Datafolha encontrou um número menor, 23 milhões.

Inicialmente restrito a áreas específicas das grandes metrópoles, o fenômeno tem se alastrado nos últimos anos para as pequenas cidades do interior do país, com destaque para as sangrentas disputas entre grupos rivais que acontecem particularmente nas regiões Norte e Nordeste.

Organizações locais estão sendo pouco a pouco suplantadas pelas franquias de grupos melhor estruturados como CV e PCC. Os franqueados do CV em estados como Ceará e Pará, por exemplo, chegam a enviar seus líderes para viver na segurança oferecida pela matriz carioca desde que a "ADPF das Favelas" entrou em vigor. 

Terroristas

Para comparar, em seus áureos tempos as Farc, grupo narcoterrorista mais famoso entre os ligados ao Foro de São Paulo, dominavam algo como 40% do território colombiano. Mas seu poder era exercido nas regiões pouco habitadas em que produziam cocaína, nunca controlaram um grande percentual da população.

Isso não lhes permitiu chegar perto do objetivo inicial de sua existência, que era tomar o poder e implantar uma ditadura socialista. Nossas fações seguiram o caminho inverso, eram dispersas e voltadas para o crime comum, mas agora são crescentemente coesas e já atuam como governos paralelos, como ditaduras baseadas no terror.

São terroristas. E é assim que as trata o projeto de autoria do deputado Danilo Forte (União-CE) e relatado por Nikolas Ferreira (PL-MG), que pode ser votado a qualquer momento na Câmara e já é aguardado no Senado, onde sua articulação ficará a cargo do senador Flávio Bolsonaro, presidente da Comissão de Segurança Pública.

Adivinhe quem está contra

Não vamos nos estender aqui sobre os detalhes do projeto ou as vantagens de reconhecer o problema e procurar alternativas mais eficazes para enfrentá-lo. Saber que um em em cada quatro brasileiros vive sob o domínio desses grupos deveria ser suficiente para qualquer um apoiar essa luta. No entanto, a quem lute pelos terroristas.

Acabou passando batido devido ao surgimento da possibilidade dele se reunir com Trump, mas o descondenado utilizou parte de seu discurso na ONU para defender seus "meninos da cervejinha". E a esquerdalha, a quem devemos a transmissão de conhecimento que gerou as facções, está toda com ele.

Foro de SP, Farc, amor por ditaduras e censura, opressão de pessoas honestas e libertação de criminosos, ADPF... a esquerda não pode ser acusada de incoerência. É a batalha de sempre, vamos torcer para o tema ser pautado e aprovado. E para aqueles senhores não inventarem uma "inconstitucionalidade" depois.


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