quinta-feira, 7 de agosto de 2025

De olho na turma

Faz sentido o que disse ontem Ricardo Feltrin, para quem a Globo não demitiu militantes mais fanáticas e proibiu termos como "extrema direita" por receio de ser enquadrada na Lei Magnitsky, mas para evitar que Trump determine, através de outra medida, que (grandes) empresas americanas deixem de anunciar na emissora.

Faz sentido porque a mudança pode se estender à TV aberta, mas não atinge o principal jornal do grupo, que independe de anunciantes e onde, no melhor estilo Seu Zé, militantes como Malu Gaspar repetem que as provas do golpismo de Bolsonaro não precisam mais ser discutidas porque estão "amplamente documentadas".

Malu só esqueceu de acrescentar que essa documentação não foi produzida pelos acusados, mas pelas conclusões fantasiosas dos subordinados de Moraes e por militantes de redação como ela, que transformaram um protesto em "tentativa golpista", uma declaração em "discurso golpista" e assim por diante. 

No que tange diretamente a Bolsonaro, tudo se resume a uma minuta - "minuta golpista -, que hoje nem se sabe se realmente existiu, que teria sido apresentada numa reunião - "reunião golpista" - em que se discutiu se havia meios de contestar o resultado da eleição de 2022, manipulada sob comando do governo Biden. 

E o mais interessante é que os fatos narrados pela acusação provam o contrário da sua conclusão, pois a minuta só trataria de medidas constitucionais e, principalmente, porque Bolsonaro não a chancelou. Se ela era uma proposta golpista, o presidente se recusou a iniciar o tal golpe.

A tentativa de negar essa obviedade chega ao ápice do ridículo quando os acusadores dizem, ao estilo Minority Report, que Bolsonaro queria assinar e só não o fez porque o comandante de uma força se recusou a apoiá-lo. Bolsonaro era o chefe do cara! Se fosse mesmo "golpista" poderia substituí-lo quando quisesse.

De resto, é preciso considerar que Bolsonaro seria louco para tentar um golpe após deixar o comando das FFAA, invadindo um prédio com civis inofensivos. E seria necessário provar que ele ordenou aquilo. Onde está, por exemplo, o zap em que ele ou algum intermediário manda a Débora pegar o batom e partir para Brasília?

O mesmo vale para o email em que um general fala em matar autoridades e fatos similares. Eventos desconexos, gerados pela revolta que todos sentimos com a evidente parcialidade do TSE, são apresentados como parte de uma trama - "trama golpista" - unida por fios que ninguém consegue ver. 

Como outros coleguinhas do jornal, Malu acredita que repetir vezes sem fim a crença na existência desses vínculos é suficiente para comprová-los. Como os colegas, ela continua falando em "extrema direita". A regra aparentemente instituída na telinha não vale para o papel.

Está certo que quase ninguém mais lê jornal e quem o faz já tem opinião formada, o importante é mesmo a TV. Mas vai que Trump resolve ir além da emissora e analisar o grupo de comunicação. Por via das dúvidas, a turminha da Malu deveria passar a mentir menos também.


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