Uma vez eu tive um colega que, após um acidente de moto em que sofreu várias fraturas e bateu a cabeça, precisava viver tomando uma série de remédios, inclusive psiquiátricos. Ele seguidamente dizia: "sou mesmo um cara de sorte por ter sobrevivido". E eu pensava: "você é azarado por ter se acidentado".
Ontem, depois de jantar, puxei uma manta para me esquentar no sofá e pimba, peguei no sono, acordando por volta da meia-noite com a casa e a rua silenciosas. Peguei o celular para ver as novidades e, naquele estado de quem está "voltando pro mundo", me pareceu que nós estávamos numa espécie de hospício.
O que é esse Xandão? E quem defende o esquema que o produziu como a Vera Cagalhães, para quem "radical é Bolsonaro, não a Justiça"? E a imprensa em que gente como ela se cria? E os patetas que acreditam piamente que o pária sancionado é um herói que evitou a ditadura das velhinhas do 8 de janeiro?
E aquela minoria de imbecis educados que, mesmo vendo o que os supremos já faziam e sabendo que eles só piorariam se tivessem o Executivo ao seu lado, decidiu votar com os analfabetos e entregar o país para um ex-presidiário corrupto em 2022? Poderíamos ter hoje um tribunal mais equilibrado e estar discutindo quem sucederia Bolsonaro após seu segundo mandato. Tudo normal, como deveria ser.
Houve uma sucessão de fatos e comportamentos que nos levaram a trombar com o caminhão. Bastaria que um ou dois não tivessem acontecido para evitar o acidente, mas parece que nosso país não tem mesmo muita sorte.
Ou será que tem? Estaríamos tão perdidos como a caravana cercada pelos índios se dependêssemos apenas de nossas forças. Nossos escalpos já estariam sendo tirados se o comandante do forte mais próximo ainda fosse cúmplice dos selvagens. Por sorte, o atual é um doido que os detesta e enviou a tropa para nos salvar. Acho que nós só mantemos o ânimo porque podemos ouvir ao longe o clarim tocar.
É muito azar você viver num país que cria seu próprio inferno sem invasão de alguma potência estrangeira e ainda depende de uma delas para se salvar. No entanto, é muita sorte você ter essa ajuda exatamente quando necessita dela.
No final de tudo, o que prevalecerá? Talvez a cavalaria seja derrotada, mas eu acho difícil. E considerando que ela acabará vencendo eu tenho que dar razão para o colega: se o azar aconteceu e nós sobrevivemos, o que vier é sorte. Mesmo que a gente tenha que ficar tomando remédio tarja preta por algum tempo.
Além disso, a medicina atualmente está muito avançada. De repente, com um pouquinho mais de sorte, a gente consegue fazer uma cirurgia que resolve esse problema e outros antigos de uma só vez.

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