domingo, 13 de julho de 2025

Como são inteligentes!

A sobretaxa de 50% afeta as exportações nacionais, e o projeto que anistia os bolsonaristas, devolvendo a elegibilidade ao ex-presidente, está no Congresso há meses. Nesse cenário, o Congresso aprova a anistia, podendo dizer que a decisão foi soberana, pois a apresentação do projeto antecedeu o joelhaço de Trump.

As palavras são de Elio Gaspari, que, analisando falas de Eduardo Bolsonaro, diz, em artigo publicado na Folha de hoje, ter percebido qual é a estratégia, "o mapa do tesouro do bolsonarismo trumpista". "Sua chave está na anistia", ele resume.

É por essas coisas que a "imprensa profissional" não pode acabar. Onde mais nós poderíamos encontrar alguém capaz de descobrir o "mapa do tesouro" (o segredo que devia permanecer oculto) e nos revelar como ele funciona numa linguagem que todos podem entender? O cara é um gênio.

Mas outros chegaram perto de sua genialidade, ganhando em indignação o que perderam em exatidão. É o caso de Eliane Canhotêde, cujo artigo no Estadão tem um título eloquente: "Jogar fora a soberania, a Constituição, a bandeira e os brios nacionais para salvar Bolsonaro?"

A velhota acerta ao dizer que Trump quer que alguém neutralize Xandão e anule o julgamento do golpe. Mas liga o disjuntor errado quando pensa que o Laranjão deseja que o Molusco "aja como Maduro e interfira no Supremo". Não, Elaine, não. Não é o Lule, é o Con-gres-so, seu raciocínio não morreu, mas está fe-ri-do.

No Globo, é Bernardo Mello Franco quem está enraivecido com os responsáveis pela agressão estrangeira à nossa soberania: os Bolsonaros e bolsonaristas em geral. Mas ele reservou seu título para o governador Tarcísio, que "tentou enrolar o STF ao pedir passaporte de Bolsonaro" com o pretexto de negociar com seu amigo Trump.

Bernardo festeja que o plano maligno (subentende-se que havia um) gorou porque os "ministros da Corte não nasceram ontem". Quem parece ter nascido é ele, que escreve como criança birrenta e não entendeu que a sugestão foi só para ressaltar quem tem (e quem não tem) interlocução privilegiada com o homem mais poderoso do mundo. 

Mas Bebê é mais novinho que Elio e Eliane, pode ser questão de tempo até que a faísca de genialidade que ora demonstra desabroche plenamente. Aliás, falando nisso, o fator tempo foi esquecido pelos dois últimos, mas o perspicaz Elio notou que ele faz parte do "mapa do tesouro":  

A segunda fala de Eduardo Bolsonaro olha para a frente. Quando a sobretaxa de 50% produzir seus efeito no bolso do andar de cima, destruindo empregos no de baixo, o que hoje é indignação patriótica poderá virar, aos poucos, impaciência com o Congresso.

Esse patriotismo é de araque. Mas o importante é que o homem acertou de novo. Como ele consegue? Que inteligência! Gênio, gênio!


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