segunda-feira, 16 de junho de 2025

Sem devolução

Cadê o escândalo dos aposentados? Cadê as declarações bombásticas dos primeiros dias, quando a turma tentou emplacar o discurso (fake) de que isso tinha começado em 2019? O assunto sumiu dos jornalões tão logo ficou claro quem foi o responsável pela medida que fez a roubalheira crescer exponencialmente, no início de 2023. 

Creio que o principal objetivo dessa omissão é limitar as reclamações, pois se não ouvir mais falar no assunto o pessoal vai esquecendo e deixando o prejuízo sofrido para lá. Mas notícias que aparecem em alguns cantinhos indicam que ainda podemos estar longe desse esgotamento.

Após a primeira semana de reclamações pelo canal oficial, estas somavam 1,7 milhão. Agora, cerca de um mês depois, o número está em 3,1 milhões. O decréscimo relativo é normal, mas o problema certamente não vai parar por aí.

E o pior diz respeito às devoluções, onde tudo está acontecendo como previsto. Até agora as entidades acusadas enviaram documentos e justificativas sobre o primeiro meio milhão de casos. Mas como cada um é um processo independente, seria necessário verificar assinaturas de um, confirmar telefonemas do outro etc. 

O trabalho é praticamente impossível. A devolução que começaria em maio e foi jogada para o final do ano continuará sendo empurrada com a barriga e acabará não acontecendo. O irmão que meteu a mão continuará com sua graninha, o que prometeu devolvê-la vai acrescentar outra mentira ao seu extenso currículo. 

Os bancos, mais uma vez, sairão bem    

A omissão da grande mídia não deve ser creditada apenas às pressões do governo. Os bancos, que enfiaram empréstimos consignados sem autorização dos segurados, também estão interessados no esquecimento geral. Mas no caso deles é só uma questão de imagem, pois nada será devolvido. 

Eles alegarão, com certa razão, que quem diz não ter solicitado o consignado devia ter gritado quando o valor caiu em sua conta. O velhinho que não controlava o extrato um dia viu que tinha mais dinheiro do que pensava e não se preocupou em saber o que havia acontecido. Agora não pode reclamar.

Perdeu a graça

Mudando de assunto, uma reportagem da Folha de ontem comenta o óbvio: nenhuma TV vai ser louca de investir em programas humorísticos correndo o risco de levar uma condenação ao estilo Léo Lins. Se a regra exige que ninguém se sinta ofendido, não há como se sentir seguro. 

Devem sobrar as velhas videocassetadas, também conhecidas como "gente caindo", mas sem narrações do estilo "hi, meu, olha aí o gordinho se esborrachando, sempre tem um assim na escola". Pensando bem, é preferível esquecer também as videocassetadas. Melhor não arriscar.


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