Não lembro quem o realizou e o estudo abrange a Europa, mas é recente e vale para o mundo todo. Após mapear a opinião de esquerdistas e direitistas sobre vários assuntos, o pessoal concluiu que a esquerda tende a ser mais homogênea enquanto a direita se divide em diversas combinações.
Num exemplo simples, praticamente todo esquerdista é favorável ao casamento gay e ao aborto, mas na direita há gente que é contra um e a favor do outro, a favor de ambos ou contra ambos. E o mesmo vale para o papel do estado na economia, a carga tributária e todo o restante.
Isso é natural, pois a direita valoriza o indivíduo e cada um pensa de um jeito. No entanto, também gera o problema de unir o pessoal em torno de certas pautas, algo que a esquerda faz com grande facilidade (basta ver como seus partidos votam) e raramente acontece do outro lado.
Pior ainda são os grupos como o MBL e outros, que defendem pautas de direita, mas mantêm uma mentalidade típica da esquerda, tratando como inimigos os que não concordam em tudo com eles e terminando por trabalhar, na prática, a favor da linha política que dizem combater.
Para a esquerda, o grande problema é se fechar em sua bolha e desconhecer o que realmente pensa e diz o adversário. Ainda que ocasionalmente, o direitista frequenta sites, TV e jornais dominados por esquerdistas. Mas podemos apostar que estes jamais leem a Gazeta do Povo ou algum blog conservador.
Creio que isso é vantajoso para a direita quando se trata de disputar novos adeptos. Quem é apresentado aos dois lados deve normalmente preferir o que faz críticas mais objetivas e ancoradas em fatos ao que acusa os outros de racismo, nazismo e toda aquela bobajada desconectada da realidade.
O próprio ambiente das redes sociais, onde cada um é editor de si mesmo e por onde hoje nos comunicamos, é muito mais próximo da liberdade de decisão individual preconizada pela direita.
A maioria das pessoas não está interessada em subordinar o que lê e escreve ao filtro de "autoridades" como o Giulano da Empoli, o professor de quem falamos ontem. E isso é decisão delas, seu Giulano, não um complô das big techs e dos políticos autoritários que as hipnotizam.
(Eu tinha esquecido de escrever que o da Empoli disse que o Trump tem um poder hipnótico. Deve ser uma espécie de personificação dos zaps do Bolsonaro.)
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