sexta-feira, 13 de junho de 2025

Feios, sujos e com sobremesa

Ao se deparar com pessoas acusadas e condenadas por suas alegadas intenções, você pode pensar que está vivendo no mundo do Minority Report. Ao ver uma juíza reconhecendo que permitirá o descumprimento de uma lei durante algum tempo, você se sente transportado para  Uma Noite de Crime.

Aí você encontra gente defendendo essas aberrações, aceitando que um regimento interno se sobreponha à Constituição, sendo enrolada por idiotices como o "tentar e atentar", votando em ladrão, achando bom pagar mais imposto para sustentar os incompetentes que elegeu. E conclui que nosso filme é o Idiocracia.

Mas todas essas distopias futuristas se ancoram numa base mais antiga, cuja melhor tradução cinematográfica talvez seja o velho - 1976, quase meio século, rapaziada - Feios, Sujos e Malvados.

Pense em Sogro e Genro, a superprodução nacional que não foi feita, mas marcaria para sempre o cinema internacional com aquela cena - já filmada, era só copiar - em que os dois saem do motel caminhando e o sogro vai reclamando que o tranqueira não abasteceu o Chevette.

Nada mais próximo de Feios, Sujos e Malvados, se poderia pensar. Mas só se você ainda não ficou sabendo da nova versão de Sogro e Genro, um pouco mais pitoresca e sanguinolenta que a anterior.

No filme italiano, um membro da família trabalhava como travesti. Agora tudo começa quando o sogro deixa de ser travesti para ter um filho e viver com uma mulher cujos filhos anteriores se tornam seu enteados. Passou a beber, bater na mulher e nos enteados, parecia relativamente normal. Mas nunca abandonou a boiolagem.

Vivia saindo por aí com outros caras. Numa dessas voltas, no último Carnaval, apaixonou-se por um garoto de 17 anos e o levou para casa, onde o jovem se tornou seu genro porque passou a namorar sua enteada de 13 anos. 

Indignada com o excesso de putaria, a mulher acabou saindo de casa sem a filha, que preferiu continuar dividindo o amante com o padrasto. Tentando recuperá-la, a mãe ameaçou levar o caso à justiça. E como isso sepultaria seus planos de se mudar para Portugal com o genro, o sogro a matou e queimou o cadáver.  

Há outros detalhes escabrosos, mas um filme não precisa seguir fielmente um caso ou limitar-se ao que ele oferece. Se me coubesse produzir Sogro e Genro - Parte 2 eu exigiria uma cena em que a vizinhança disputa um bolo no balde. E outra em que eles discutem como é bom votar em "gente como a gente".

Teriam que criar uma nova categoria para nos premiar.

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