Eles têm o mesmo objetivo: quebrar o sistema anterior e não estarem mais submetidos às leis. Eles querem derrubar as velhas elites, as antigas autoridades, a classe política, a mídia e as autoridades acadêmicas. É uma aliança muito poderosa, muito nova, e por isso muito difícil de combater.
Não se surpreenda com a repetição de "autoridades", pois quem fala sobre essa ameaça é uma delas: o italiano Giuliano da Empoli, cientista político e professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris, que foi entrevistado esses dias pelo O Globo (aqui) e é assim apresentado pelo jornal:
Da Empoli é uma autoridade no estudo das ligações entre tecnologia, populismo e autoritarismo. Nesse novo ensaio, ele mostra como os oligarcas da big tech e os políticos da extrema direita se aliaram para destruir as mediações democráticas.
Esquecendo-se de dizer quais leis os invasores estão descumprindo ao permitirem a comunicação descentralizada e qual classe política estão destruindo ao se candidatarem e vencerem eleições, Giulano se esquece também de perguntar se alguém de fora da sua bolha se preocupa com a ausência das antigas "mediações".
Acho que não adiantaria explicar para ele que essas mediações continuam válidas, apenas deixaram de ser obrigatórias. Quem quiser ainda pode dar valor apenas ao que os jornalões publicam e subordinar suas avaliações às de alguma autoridade de plantão. Isso não é mais democrático?
Giulano certamente não pensa assim. Para dar uma ideia do nível do sujeito, ele diz que o Brasil está na linha de frente da resistência aos bárbaros e elogia o maravilhoso ministro Xandão. Democracia para ele é tirar a liberdade de escolha do povo. E prender quem fizer cara feia, devemos supor.
No fim, a melhor parte da entrevista está no início, quando o choroso professor se compara a um cronista asteca escrevendo sobre os espanhóis e, sem querer, oferece uma excelente imagem para gente como ele.
Os astecas eram cruéis com os vários povos que dominavam pela força, obrigando-os a pagarem altos impostos e oferecerem vítimas para seus sacrifícios humanos. Além de se aliarem aos espanhóis para derrubar sua tirania, foram esses povos que exigiram a destruição total de seus antigos opressores.
Acostumados à sua obediência, os astecas se fixaram nos espanhóis e desprezaram seus vizinhos. Mais ou menos como faz o professor ao falar das ameaças da nova aliança sem jamais mencionar a opinião dos cidadãos que apreciam as redes e votam nos políticos de quem ele não gosta. Fica o alerta, Giulano.
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