terça-feira, 3 de junho de 2025

Famílias unidas

Amanhã ou depois, quando muito na semana que vem. Segundo Lauro Jardim, esse é o prazo que Eduardo Bolsonaro tem dado a quem lhe pergunta quando será anunciada a esperada inclusão de Alexandre de Moraes na Lei Magnitsky, destinada a punir censores e outros violadores de direitos humanos.

Confirmada a expectativa, o ministro será desmoralizado em termos internacionais. Mas dentro do país ele não será tão afetado se a punição não se estender à sua esposa, responsável pelo escritório de advocacia que enriquece o casal. Ele pode mandar depositarem seu salário na conta dela, usar cartões emitidos em seu nome etc. 

Se os dois continuarem unidos na legalidade e na ilegalidade, o problema será guardar dinheiro no banco. Mas ele ainda poderá usar cartões em nome de terceiros para pagar a conta do restaurante e, se tiver bebido o bastante, até fazer piada com a situação: "Quem diria que o Laranjão me obrigaria a usar um laranja?"

Quem não rir já sairá da mesa algemado.

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Uma família unida nas sanções, outra nas possibilidades eleitorais. Uma segunda matéria do Globo discute quem poderá ser o candidato da direita se Jair Bolsonaro não puder mesmo se candidatar. E conclui que o escolhido pode não ser Michelle ou Eduardo (olha ele aí de novo), mas Flávio Bolsonaro.

Acho que ele seria a pior opção entre os citados, mas o interessante é você ter quatro candidatos com chances de vencer uma disputa nacional na mesma família. Já aconteceu de uma esposa ou um filho herdarem a popularidade de alguém, mas uma esposa e dois filhos me parece algo inédito.

Apesar de cada um ter méritos próprios, isso também é decorrência direta da capacidade que Bolsonaro tem de admitir seus limites e delegar poder para algum Posto Ipiranga, dando-lhe espaço para mostrar a própria luz. 

Muitos o criticam - eu mesmo critiquei ontem nos comentários - por não ter enfrentado o autoritarismo do STF com energia desde o início. Mas é fácil falar depois que acontece e cada um de nós é um combo meio fechado, que pode ser perfeito para enfrentar uma situação e se mostrar inadequado na seguinte.

É bom vencer no momento, mas assegurar a continuidade abrindo espaço para novos nomes pode ser melhor ao longo do tempo. Os familiares, Tarcísio, Nikolas, todos vieram na esteira de Bolsonaro e ficarão aí por muitos anos, garantindo que a onda conservadora não será só uma marolinha.

Do outro lado, o oposto, um pilantra centralizador que puxa tudo para o seu baixo nível e não permite que ninguém floresça à sua sombra. Se Bolsonaro morrer no próximo mês a dificuldade será escolher o melhor sucessor. Quando isso acontecer com o descon, seu partido corre o risco de acabar.

Não que eu esteja desejando que o Molusco morra no próximo mês, é evidente.


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