quarta-feira, 4 de junho de 2025

Parece piada

"Negro reclama que não tem trabalho, que o emprego está difícil; mas no tempo da escravidão ele já nascia empregado e reclamava também." É mais ou menos esse o nível das piadas que fizeram o humorista Léo Lins ser condenado (em primeira instância, cabe recurso) a pagar uma multa milionária e passar oito anos na prisão.

Parece piada, ele foi condenado por mencionar o tema da escravidão sem seriedade. Mas o humor não exige justamente isso? Como se pode fazer piada sobre alguma coisa e levá-la a sério ao mesmo tempo? 

Será que não nos avisaram, mas existe uma lista de assuntos proibidos? Ou até quem fizer piada sobre o bolo da vovó que não cresceu pode ser processado pela associação de fabricantes de fermento? Ou pior ainda, por insinuar que lugar de mulher é na cozinha e as mais velhas nem para isso servem?

Bem, talvez o problema não seja o tema, mas quem faz a piada. Neste caso a proibição valeria para um humorista profissional, mas o descondenado poderia continuar dizendo que o corintiano bate na mulher sem ser acusado de fomentar o machismo, a misoginia e o feminicídio. Será assim? 

Precisamos esclarecer esses detalhes para ninguém correr o risco de acabar rindo do que não deve. Aliás, é bom não facilitar porque o STF e seu campeão não aparecem nas manchetes, mas estão por trás da condenação do Lins.

Acontece que ele foi acusado por uma apresentação de 2022 e julgado por uma lei de 2023. Sei que você deve estar achando que isso é piada, pois qualquer pessoa civilizada sabe que a lei só pode retroagir para favorecer o réu. Mas é aí que entra uma das inovações criadas pelas atuais sumidades.

Para prender o Daniel Silveira, os magníficos inventaram o "flagrante perpétuo", decidindo que seu alegado crime estava gravado em vídeo e, portanto, continuava acontecendo enquanto este estivesse disponível no Youtube. Como o vídeo do Lins está aí até hoje, a juíza do seu caso utilizou o entendimento superior.

Esse é só um exemplo da baderna que rasgar as leis no alto pode causar embaixo. Em breve teremos juiz do interior condenando alguém por querer matá-lo e dizendo que não é necessário provar que o réu tentou cometer o crime porque tentar é diferente de atentar e ele não estaria ali para julgá-lo se o seu atentado tivesse dado certo.

Voltando às piadas, é bom Renato Aragão fazer sua malinha porque o Youtube está cheio de vídeos em que Os Trapalhões debocham de algum "rapaz alegre". Chico Anísio e Costinha escaparam dessa, mas com um pouquinho de criatividade talvez dê para exigir indenização de seus herdeiros. Parece piada, mas...

Rapazes que não se assumem

Como vários humoristas apoiaram o Lins, eu pensei: desta vez o Danilo Gentile se verá obrigado a criticar o regime pt-stf, sua censura e o restante. Que nada, fui encontrá-lo num vídeo com o Mainardi e outros "isentos", deturpando episódios isolados para dizer que Bolsonaro e os bolsonaristas é que querem censurar todo mundo.

Nada mais irreal, Bolsonaro perderia tanto apoio que se inviabilizaria eleitoralmente se passasse a defender a censura. Mas não adianta, seja qual for o tema a reação desses patetas é atacá-lo para tentar justificar seu apoio às barbaridades que todos sabiam que acompanhariam o retorno do PT. E eles se dizem antipetistas, essa é a piada. 

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