quarta-feira, 21 de maio de 2025

Minutary Degolp

No início de Minority Report o marido sai de casa para trabalhar, mas se esconde por perto, esperando o amante da mulher chegar. É nesse momento que os precogs dão o alarme e a equipe policial sai às pressas, capturando-o quando ele já deu o flagrante nos pombinhos e está prestes a cometer o duplo assassinato.

O sujeito devia ter planejado o crime muito antes, mas eles não podiam prendê-lo numa fase de cogitação ou planejamento, enquanto não tentasse executar seu plano. Existem princípios legais básicos, derivados do senso comum, que até uma obra de ficção científica deve seguir para parecer coerente.

Na ficção jurídica, no entanto, é diferente. Sob as ordens do juiz que também é promotor e condutor do inquérito, os policiais seguem a regra do "seja criativo" para estabelecer conexões fantasiosas e tratar meras menções ao uso de mecanismos constitucionais como prova de ações ilegais.

É graças a essa criatividade que idosos desarmados podem ser condenados por "golpe armado" e barbaridades equivalentes. O dia em que o cinema nacional lançar o Minutary Degolp, versão nativa do clássico americano, a cena inicial será um pouco diferente:  

- Teje preso, cidadão.

- Como assim? O que foi que eu fiz?

- Não fez, mas estava por fazer. Se nós não o impedirmos, daqui a um mês o senhor tentará assassinar sua esposa e o amante dela.

- O quê?! Minha mulher está me traindo?!

- Andando, andando, pode entrar no camburão.

Curto-circuito 

Na parte que lhe cabe, o Consórcio faz o possível para associar Bolsonaro ao tal golpe. Não com argumentações bem fundamentadas, mas pelo contrário, através de deturpações e insinuações que levam o leitor desatento e/ou intelectualmente limitado a estabelecer curto-circuitos entre os dois temas.

Foi assim que esses dias eles lançaram uma gravação em que um sujeito se dizia parte de um grupo que só não saiu para matar ou morrer porque Bolsonaro não lhes ordenou que agissem. Vendo a menção a seu nome e a "revolta armada", o gado entrou em êxtase com o que lhe pareceu uma prova cabal de que Bolsonaro era golpista. 

Nós avisamos que era exatamente o contrário, pois a gravação comprovava que Bolsonaro não havia ordenado ação golpista alguma. E quem acabou por nos dar razão foi o próprio juiz precog, que inventou uma desculpa qualquer e se recusou a adicionar a gravação ao processo ao perceber que ela desmentia a sentença que já decidiu dar.

Feliz aniversário

Dentro do possível, foi até divertida a parte em que o advogado defendeu um acusado de estar rondando a casa do juiz/vítima em determinada data. Acontece que aquele dia era o aniversário do réu, que estava em sua casa, longe dali, e fez uma encomenda por aplicativo que ficou registrada em seu celular.

Atuando como promotor, o juiz/vítima tentou desqualificar a argumentação dizendo que ele poderia ter deixado seu celular com outra pessoa. E poderia mesmo, mas o ônus da prova é de quem faz a acusação, cabendo a quem a inventou provar que o acusado fez isso e estava realmente rondando a casa do outro, o que nunca foi feito.

A parte divertida (dentro do possível) coube à suma-autoridade, que não parava de gaguejar e se mostrava confusa a ponto de se referir ao "aniversário de alguém", como se o aniversariante e o acusado fossem pessoas distintas. Por aí se vê o nível da coisa toda.

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