"Pode chutar que eu vou pegar", grita o goleiro. O capitão adversário bate o pênalti e faz o gol. O jornalista que torce para o time vazado escreve a manchete: "goleiro advertiu centroavante de que pegaria a bola". No outro dia joga a notícia lá para baixo, tentando escondê-la entre outras.
Foi essa a reação do Consórcio ao depoimento do general Freire Gomes para a versão cabocla dos Processos de Moscou. Como se imaginava, as histórias de que Bolsonaro propôs um golpe e o chefe do Exército ameaçou prendê-lo eram invencionices criadas para dar substância ao nada em que se baseiam as falsas acusações.
Restou ao Consórcio esconder o principal e se apegar a detalhes retirados de contexto. O general falou que tinha lá um papel ao qual o presidente não deu muita atenção, eles tiram da bunda a afirmação de que ele confirmou a existência da tal Minuta do Golpe, aquela que ninguém nunca viu. Depois é só jogar a notícia pra baixo.
Esse tipo de desonestidade funciona? Para o público manipulado ao qual eles se dirigem, sem dúvida. Basta ver que as tentativas de argumentação de representantes desse gado seguem o mesmo padrão: atenção ao secundário para fugir do principal, distorção de fatos, incapacidade de contextualizá-los etc.
Saindo do Consórcio, no entanto, até um isentão como o antagonista Cláudio Dantas admitiu o absurdo da situação e se perguntou qual será o próximo passo do "ditador", concluindo que ele provavelmente proibirá a presença de quaisquer terceiros para que ninguém saiba o que realmente acontece em seus julgamentos.
Julgamentos secretos? "Ditador"? Pois é, até os que auxiliaram o autoritarismo a se instalar já reconhecem que é necessário buscar a recuperação de nossa democracia onde for possível, aqui e no exterior. Só os mais manipulados não percebem isso; se o camarada Stalin diz que é democracia, Gadovsky acredita firmemente que é.
Ofélia mentirosa
Ofélia, que só falava quando tinha certeza, poderia voltar à TV com um novo bordão: não há protocolo que me faça calar. O escada diria que é costume não rir no velório do papa ou querer causar num jantar cerimonial. E ela responderia com a frase de sempre, arrancando gargalhadas dos telespectadores.
O quadro ficaria ainda melhor se ela fosse mentirosa, alterando a desculpa utilizada para abrir a boca fora de hora. Num episódio ela começaria dizendo que quer censurar seus adversários políticos e terminaria jurando que só queria salvar as criancinhas. Não tem nada a ver uma coisa com a outra, mas justamente nisso está o humor.
E para conquistar de vez a audiência, ela e o escada se revelariam desonestos e desmentiriam um ao outro sem querer. Alguém diria que ela falou e o escada mentiria que foi ele, mas ela o deixaria com cara de tacho ao confirmar a primeira versão. Seria sucesso garantido, uma fonte de diversão.
Só o gado não perceberia que eles acabaram de comprovar que são enganadores e levaria tudo a sério, defendendo a honestidade de ambos. Até para entender uma piada é preciso ter QI suficiente para juntar lé com cré.
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