Foi uma espécie de praga que surgiu na Globo e espalhou-se em menor grau pelas emissoras que transmitem futebol de verdade (masculino, da primeira divisão). De repente não era mais só uma repórter de campo ou uma comentarista, a antiga exceção se transformou em regra. E os narradores foram substituído por narradoras.
Duvido que alguém conhecido dissesse publicamente que não gostava, a turminha do politicamente correto cairia em seu pescoço machista. Duvido que alguém gostasse, as melhores narradoras eram apenas passáveis e algumas eram simplesmente pavorosas.
A pronúncia modulada dos narradores foi substituída por gritos esganiçados e exageros equivalentes. Para completar a caixinha de surpresas, muitas moças, provavelmente tentando parecer "tradicionais", abusavam dos antigos jargões e forçavam um tom masculino que recordava a voz do Juninho Play do Zorra Total.
Com as devidas exceções, o resultado era péssimo. Mas você sabe como é a Globo, eles precisam reeducar a sociedade para os novos valores e nada melhor para isso que doutrinar os machos escrotos bebedores de cerveja que constituem a maioria dos telespectadores de futebol.
O objetivo era mesmo bater de frente com o gosto do pessoal, tanto que a pior das narradoras era a mais prestigiada pela emissora - e não pense que essa preferência teve a ver com algum teste do sofá, eu cheguei a ver a cara da figura e a lataria combinava com o ruído do motor. Eles queriam chocar.
Ganharam em troca um efeito "Casagrande político": coloca-se a TV no mudo e se fica só com a imagem. Ou então se deixa o jogo para lá. Nunca acompanhei esse assunto na internet, mas me contaram que não era só eu, esse tipo de resposta era comum e a reclamação do público era geral.
Por fim, o pessoal da lacrolândia se viu obrigado a dar o braço a torcer e acabamos voltando ao normal do passado. Existem algumas repórteres de campo ou comentaristas, mas eu não lembro de ter encontrado alguma narradora nos últimos tempos, creio que do início do ano para cá.
Resta saber o que foi feito das sumidas. Talvez elas continuem atuando na área, mas tenham sido deslocadas para o futebol feminino ou os torneios sub-15. Talvez tenham sido obrigadas a mudar de profissão e agora estejam na feira, gritando com a voz de Juninho Play:
- Olha a laranjaaaa! Laranja direto da roça, com precinho especial. Laranja pra manter a família saudável, freguesa; vamos aproveitar a promoção, freguês. Moça bonita não paga... mas também não leva.
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