sábado, 12 de abril de 2025

Quem mesmo?

Quem criticou quem mandou soltar quem mandou matar Marielle? Pelo que eu acabo de ver numa rápida passada pela internet, ninguém. Ninguém na Folha, nada na DW, nem Sakamoto ou Milly Lacombe no UOL, Tia Reinalda falando do prefeito de Sorocaba. Apelei para o Esgotão, mas o resultado foi idêntico.

E por quê? Essa é fácil: porque eles teriam que criticar seu verdadeiro líder nos últimos tempos e ninguém larga a mão de ninguém. Quer dizer, ninguém larga as duas mãos, a que segurava a Marielle a turminha acaba de soltar. É porque esta ainda dá suco, mas daquela fruta só sobrou o bagaço, não há mais o que explorar. 

Nem tudo foi perdido, aprendi algo no X da irmã ministra. Ali também não há nada além de mensagens institucionais do ministério, uma por dia. E uma delas informa que existe um Dia Internacional das Pessoas Ciganos (sic). Uma postagem por dia e eles erram! Mas vai ver que A pessoa se sente UM cigano, não sejamos preconceituosos.

Outra que me decepcionou foi a Mulher-Cu. Pensei que a veria indignada com o desrespeito à mártir, mas a filósofa voltou os olhos para Trump e, vendo sua "agonia",  resolveu indagar: "O fim do império americano será também o fim do patriarcado capitalista?" Após criticar o pessimismo dos homens marxistas, ela responde:

Contra a miséria espiritual e intelectual patriarcal, contra a violência sobre os corpos mulherificados, LGBTQIA+, sobre os corpos racializados e animalizados, precisamos de um projeto de mundo dirigido à proteção e ao cuidado com a vida, cernes da experiência das mulheres e marca do feminismo de todos os tempos (...) Um governo das feministas é tão urgente quanto possível. Vamos à luta!

Fugiu da raia

Enquanto a Tiburi vai à guerra, Hugo Motta fugiu da raia. Ao saber que a oposição conseguiu as assinaturas para a urgência do PL de Anistia, o presidente da Câmara cancelou seus compromissos e pegou a estrada, anunciando que só volta na segunda-feira posterior à Páscoa (ou terça, no caso da semana deles).

Seu problema é parecido com o dos amigos da Marielle. De um lado ele está segurando a mão do regimento e dos compromissos assumidos na eleição para o cargo, do outro lado estão segurando a sua mão e sussurrando que quem soltou o mandante de um crime pode prender o seu pai.

Na angústia da decisão, ele achou melhor se afastar e dar um tempo para que os parceiros do regime PT-STF lhe ajudem a encontrar uma solução alternativa. Eles já falam abertamente em redução das penas. E até em indulto presidencial, caso em que tentariam apresentar o descondenado como o papai humanitário que a tudo perdoa.

Mas seu drama é que eles sabem que isso não funcionaria e estariam admitindo a derrota em qualquer circunstância. Sabem também que quanto mais enrolarem, mais deve aumentar a parcela da população que toma consciência do que aconteceu e dá razão ao outro lado. Vamos ver o que farão.

Pelo aspecto positivo, é impressionante como o tema da Anistia avançou rápido após a grande manifestação de São Paulo. Não durou dois dias o truque de usar "pesquisas" para dizer que a maioria não a quer. A mudança de patamar foi perceptível. E tinha gente achando que quem bolou a estratégia não sabe o que faz.



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