domingo, 13 de abril de 2025

Bonito não é estratégico


É estratégico. O governo Obama tirou os olhos da bola e deixou a China tomar toda América do Sul e Central, com sua influência econômica e cultural, fazendo acordos com governos locais de infraestrutura ruim, vigilância e endividamento. Presidente Trump disse "não mais", vamos recuperar o nosso quintal

As palavras são do secretário de Defesa de Trump, Pete Hegseth, e nós aguardamos a parte que nos cabe nesse latifúndio. Melhor ser um jardinzinho bem cuidado no fundo dos EUA que um depósito de lixo gerenciado por um camarada de olhinho puxado e chicote na mão. Venha logo, Pete, você sabe o que precisa fazer por aqui.

Cercas baixas 

É estratégico. O Japão gastaria menos se importasse todo arroz que consome, mas banca uma produção local por tradição e segurança, pois se amanhã o mundo passar por um problema mais sério sua população não pode ficar sem comida. A lógica desse tipo de subsídio não é apenas econômica.

Do mesmo modo agem a França e outros países europeus quando protegem sua agropecuária ineficiente em relação a dos grandes produtores. Depender totalmente de outros em uma área tão sensível é a típica economia que pode custar muito. Só faz isso quem não tem opção.

A nível individual, poucos têm condições de produzir o próprio alimento. Mas nós adotamos a mesma política quando, ao invés das antigas cercas de madeira baixa, protegemos nossos quintais com muros altos, cercas elétricas e câmeras de vigilância. É mais caro, mas é melhor prevenir do que remediar. 

Guerra

É estratégico. Mais do que trazer empregos para americanos, toda essa movimentação do Trump no caso das tarifas visa conter a expansão chinesa em termos econômicos e militares. Sem menosprezo aos que lutaram, os EUA venceram as duas guerras mundiais graças ao poderio de sua indústria. Hoje sua situação seria bem diferente.

Um exemplo que eu vi ontem: no auge da Segunda Guerra a indústria americana conseguia produzir um navio (dos mais simples) por dia. Hoje os EUA ainda têm a maior frota do mundo, mas os estaleiros chineses têm uma capacidade duzentas (!) vezes superior à deles.

Não dá para encomendar tudo fora porque é mais barato, a questão não é apenas econômica. Os jornaleiros que hoje a tratam assim para dar vazão a seu rancor contra o demônio laranja que estaria bagunçando o mundo pensam em termos de custos imediatos, o cara está pensando em manter a América grande lá na frente.

Creio que os críticos só estão certos quando dizem que seus avanços e recuos em tarifas são decididos na hora, conforme o resultado obtido. Mas ele faz isso porque sabe que dá as cartas, se a sua mão não sai como esperado, embaralha-as novamente e começa outra rodada na maior cara de pau. 

Os detalhes podem mudar, mas estão de acordo com a estratégia maior.


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