segunda-feira, 7 de abril de 2025

Números

É como dizem por aí, para manter a fantasia de que estão rasgando as leis e cometendo toda sorte de arbitrariedades com o intuito de "salvar a democracia", eles precisam continuar tratando como "golpe" a armadilha para a qual atraíram tantos manifestantes inofensivos e desarmados naquele 8 de janeiro.

O "golpe" também lhes serve para acusar Bolsonaro de ser seu mandante. Não existe nenhuma relação objetiva entre as partes e ele já havia deixado a presidência e o comando das forças militares no dia 8 - ao contrário de Trump no dia 6 do "golpe" deles, saliente-se. Mas esse discurso para idiotas é o que eles têm.

Por isso a anistia os incomoda tanto. E o Consórcio faz o possível. Suas matérias repetem a tal pesquisa da Quaest como se não fosse fácil manipular as respostas ali obtidas, elegem um destrambelhado como Lindinho como voz da razão, acusam os governadores que pedem anistia de falsos democratas...

E usam os números como num leilão. O grupo petista que se diz "da USP" abriu os trabalhos com 44.900. O Datafolha, como havíamos previsto, colocou 25% em cima do milhar e chegou a 55 mil. E o Poder360 foi mais honesto ao calcular quase 60 mil e observar que se baseou em fotos aéreas e não há como mensurar pessoas sob árvores ou em laterais, ou que chegam e saem durante o longo período do evento.

Mesmo com esses números, ficou claro que houve um crescimento em relação ao público do Rio e havia de dez a vinte vezes mais pessoas que as reunidas pelos petistas contra a anistia dias antes na mesma Paulista. Essas seriam as únicas comparações a fazer, mas adivinhe se eles pensam assim.

Particularmente divertido é o UOL, onde Sakanamoto se apegou aos 44 mil e a comparações com outros carnavais, mas não conseguiu desfazer do ato que imaginava que floparia e, decepcionado, acabou escrevendo um texto mais descritivo, sem suas habituais fanfarronices. 

A piração ficou por conta de sua colega Tia Reinalda, que, para provar que havia mais gente no Rio do que em São Paulo, comparou os públicos com a população dos dois estados (não das duas cidades) e concluiu que o protesto carioca foi relativamente maior.

É um novo critério de enrolação, mas titia esqueceu (ou apostou que o leitor que o tem como guru não perceberia) que áreas do Rio ou de Minas Gerais estão mais próximas da capital paulista que as cidades do oeste do estado. O que conta aqui é a geografia, não a divisão administrativa.

De qualquer maneira foi algo inovador. E serviu de desculpa para Tia Reinalda não dar o braço diretamente a torcer. Sua saída foi dizer que o ato não foi importante pelas pessoas que estavam na plateia, mas pelas que ocuparam o palco ou dele se aproximaram.

Nisso titia não deixa de ter razão. Será que sete governadores, 30 senadores e 120 deputados apareceram porque são idiotas que não sabem para que lado sopra o vento? Será que os outros que logo precisarão de votos também não perceberão?

E a internet?

No Rio foram pelo menos um milhão, mas ainda não vi levantamentos de quantas pessoas assistiram ao evento de ontem pela internet. Acho que esse é um ponto que deveria ser cada vez mais frisado, pois é difícil mobilizar pessoas que moram longe e é possível apoiar atos políticos como se acompanha a novena do Frei Gilson, via internet.



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