Como hoje é um dia que, tomando a história ao pé da letra, não deixa de ser marcado por um erro judiciário, é interessante ver como anda aquele que deve ser um dos mais injustos e grotescos tribunais de todos os tempos. Não na visão de seus inimigos, mas na do Consórcio que tanto o apoiou.
A anistia avança, o governo tentará atrasá-la politicamente, mas nem os jornalões acreditam que o conseguirá. A Câmara deve aprová-la. Depois ele podem ainda barrá-la no Senado ou inventando alguma objeção ilegal no próprio Sinédrio, porém tudo isso alongará o assunto e os desgastará politicamente.
Sentindo o cheiro de queimado, líderes políticos e até mesmo alguns dos que condenaram aquelas centenas de inocentes passaram a sentir - sempre de acordo com os jornais - um "clima favorável" para diminuir as penas absurdas que lhes impuseram (e consequentemente libertá-los).
Mas então era uma questão de clima, não de lei? Claro, não foi antes e não é agora. O que eles querem é dar um jeito de libertar os injustamente encarcerados sem abandonar a fantasia do "golpe" que ninguém deu nem tentou dar. Precisam dela para condenar os "líderes do golpe", que será quem eles quiserem.
Outra coisa que os deixa desconfortáveis é a exposição externa. Enquanto os estrangeiros desconheciam o que se passava, bastava o Consórcio bancar sua realidade paralela. Mas aos poucos o mundo civilizado está tomando consciência de suas barbaridades e começa a criticá-las.
A recusa da Interpol a ser usada como polícia política e a negativa de extradição de inimigos do regime por EUA e Espanha ligaram as luzinhas. E o alarme disparou com a reportagem crítica da The Economist, veículo com tendências progressistas de quem só esperavam receber elogios.
Como se dizia e alguns não acreditavam, eles são sensíveis à imagem exterior que não podem controlar. E pode vir coisa pior por aí, pois as sanções americanas continuam a ameaçá-los e alguns acreditam que o tal relatório da OEA já foi parcialmente vazado e não lhes é muito favorável.
A libertação do traficante búlgaro e o asilo à corrupta peruana colocam mais água suja nesse moinho e já levam alguns integrantes do Consórcio a criticar os "possíveis exageros" da Corte, como se não tivessem nada com isso. É óbvio que o arbítrio não vai terminar de imediato, mas o clima no qual ele floresceu já não é tão favorável.
Pensamento do dia
Um sistema comunista pode ser reconhecido pelo fato de poupar os criminosos e criminalizar os opositores políticos (Aleksandr Soljenítsin).
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