"Milhares" saíram às ruas dos EUA para enfrentar as ameaças de Trump à democracia, "milhares" protestaram em Londres contra a Suprema Corte que decidiu que mulher é mulher. É o que diz a mídia, um veículo repetindo o outro, mas só pelo título a gente já sabe o que aconteceu.
Se a manifestação fosse do outro lado, os milhares poderiam ser dezenas ou até centenas. Como é do lado que os jornalistes defendem, "milhares" é a senha propositalmente imprecisa para tentar engordar um grupelho de centenas. Se fossem realmente milhares eles multiplicariam o total por dez e o noticiariam com destaque.
Nos EUA talvez tenham mesmo chegado a milhares no somatório geral, mas que mérito tem isso quando se sabe que eles protestaram em centenas de locais ao mesmo tempo. Parece aquelas contas do Esgotão em que eles chegam a um número fantástico, mas só mostram fotos do diretório local do PT na pracinha do interior.
Em Londres foi mais ridículo ainda. As filmagens só ofereciam imagens fechadas, cortadas a todo instante, para dar a impressão de que o grupinho reunido num canto da Praça do Parlamento era muito maior. Se alguém filmou o evento com um celular e o jogou nas redes, a mentira ficou evidente.
Eles sabem disso, sabem que podem ser facilmente desmentidos com a tecnologia atual. Mas ainda assim não se constrangem, estão tão acostumados a criar realidades (e gostam tanto disso) que se recusam a admitir que falsidades como essas serão percebidas e contribuirão para a sua desmoralização.
Parece um vício, algum amigo leal pode tentar alertá-los para a degradação e eles podem entender que ele tem razão, mas não conseguem agir de outro modo. Se viciaram na manipulação.
Anistia
Por aqui, a bola da vez dos jornalistes é a Anistia. Eles primeiro tentaram jogar com os "milhares", inflando os protestos contra ela e desinflando os a favor. Quando não colou vieram com as pesquisas em que podem inventar os "milhares" que quiserem. Mas os deputados, que andam pelas ruas e sentem seu pulso, nem se deixaram abalar.
Agora se dividiram. Institucionalmente, nos editoriais, advogam um meio-termo que permita "diminuir as penas excessivas" (agora perceberam que elas são) sem anular as absurdas condenações. Mas seus colunistas, que teoricamente emitem opiniões pessoais, parecem cães raivosos de quem tiraram a coleira.
Chama a atenção a virulência dos últimos artigos dessa classe de pilantras contra a Anistia. Não tem que diminuir pena alguma, aquela gente é perigosa e ia implantar uma ditadura, Débora do batom é o Bolsonaro de saias e não tem nada de inocente, esse pessoal tem que mofar na cadeia... e por aí afora, num artigo atrás do outro.
Fora da bolha, cada vez menor, isso só serve para mostrar sua desonestidade e desmoralizá-los de vez. E eles sabem disso, já devem ter entendido o que acontece aqui e os recados da Interpol, da justiça dos EUA e da Espanha, até da amiga The Economist. Mas não conseguem se controlar, é como se fosse um vício.
Nenhum comentário:
Postar um comentário