quarta-feira, 2 de abril de 2025

Fake do consórcio não colou

Muitos erros e confissões involuntárias podem se esconder numa sentença tão concisa como: "O ex-presidente quer que acreditemos que ter consultado chefes militares sobre medidas de exceção para impedir a posse de Lule é algo tão inocente e trivial quanto falar de futebol."

A frase foi destacada pelo Ex-tadão de ontem - 1° de abril, Dia da Mentira - e faz parte do raivoso editorial em que o jornal defende pela enésima vez a fake news do "golpe" - você sabe como é, o STF vai condenar sem explicar, mas seus parceiros do Consórcio se sentem na obrigação de vender o arbítrio como ato democrático.   

Não foi desta vez que conseguiram. Em primeiro lugar, num regime democrático não interessa o que os jornaleiros e seus comparsas acreditam ou não. Se acusam alguém de algo são eles que devem provar que a pessoa fez o que dizem, não ela que precisa entrar em suas mentes e convencê-las de que não pensou naquilo. 

Ao começar por aí, o editorialista toca sem querer no ponto podre fundamental de toda essa história fantasiosa: os acusadores do ex-presidente se sentem no direito de esquecer as leis e julgá-lo a partir de seus preconceitos contra ele, daquilo que eles acreditam que ele estava pensando. O absurdo é quase inacreditável.

A próxima acusação é "ter consultado chefes militares sobre medidas de exceção para impedir a posse de Lule". Aqui é importante frisar que as medidas só foram cogitadas porque, depois de toda a parcialidade demonstrada na eleição (da qual sobram provas), o TSE ainda se recusou, de modo inédito, a analisar recurso sobre o seu resultado.

Independente disso, as medidas só são "de exceção" no sentido em que não são usadas corriqueiramente. O editorialista joga com as palavras para fazer parecer que o presidente pensou em burlar a legislação, mas as providências por ele discutidas estão descritas na Constituição. Como seria ilegal conversar sobre elas? 

E por que seria irregular chamar os chefes militares? O presidente consulta quem quiser e os militares teriam um importante papel no caso cogitado. Adicionalmente, devemos observar que esses chefes foram nomeados pelo presidente e poderiam ser substituídos se a intenção fosse apenas obter a sua concordância. 

Um articulista do Ex-tadão tentou consertar essa falha do raciocínio entrando na mente de Bolsonaro e afirmando que ele só não trocou os chefes militares porque teria que fazer o mesmo no Alto Comando. Mas qual seria a dificuldade disso? Se fosse mesmo "golpista", ele substituiria quem não concordasse com seu plano com uma canetada.

Para finalizar, Bolsonaro nunca insinuou que utilizar os dispositivos constitucionais analisados seria "inocente e trivial". Ao contrário, ele sabia que seria algo sério, que precisaria de muito empenho para ser aprovado pelo Congresso e o exporia a críticas acerbas. E tanto tinha consciência disso que acabou optando por não utilizá-los.

Em suma, não houve "golpe" algum. E nem haveria se o presidente tivesse dado andamento às medidas analisadas. O STF político não tem problemas com isso, pois basta-lhe forjar uma desculpa de aparência vagamente jurídica para condená-lo. Mas os jornalões não enfiarão sua ridícula fake news na cabeça dos leitores.

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