Participou da comissão da revanche (e da boquinha milionária) criada pela estocadora de vento. Visitou o condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no presídio. É ligada ao MST. É psicanalista e explica como o ressentimento leva as pessoas a não amarem o PT. Sim, é ela, Maria Rita Kehl. Ou era até anteontem.
De uns dias para cá ela se tornou a neta de Renato Kehl, médico carioca que foi diretor da Bayern do Brasil até o início da Segunda Guerra e, entre obras similares, guardava em sua biblioteca um exemplar de Mein Kampf repleto de trechos sublinhados e comentados com entusiasmo.
O próprio Renato, tipo obsessivo que não apertava a mão das visitas para não pegar algum vírus da rua, escreveu mais de 30 livros. A maioria deles sobre o tema que o apaixonava e o aproximou dos nazistas: a eugenia. Maria Rita é, portanto, neta de um eugenista.
Claro que ela nem lembrava disso e, depois de décadas de vassalagem à causa esquerdista, julgava-se imune a qualquer contestação dos não ressentidos. Foi do alto dessa posição que a estudiosa usou algum artigo ou palestra (não sei detalhes) para criticar o conceito de "lugar de fala" dos movimentos identitaristas.
Qualquer pessoa normal percebe de imediato a imbecilidade contida na ideia de que só negros podem falar com propriedade sobre negros, gays sobre gays etc. Mas no mundinho da Maria Rita não se pode contestar abertamente essas idiotices e, consciente disso, ela tomou o cuidado de embalar o óbvio com celofane psicanalítico, dizendo que o lugar de fala transforma o identitarismo num "nicho narcísico" e blá blá blá.
Porém os identitários não se deixaram enganar, arrancaram a embalagem e identificaram (ops) seu conteúdo: era uma crítica! E uma crítica é um ataque. E um ataque contra um detalhe do identitarismo é uma agressão a qualquer de suas facções, uma crueldade que atinge negros, mulheres, gays, anões albinos e trans.
O veredicto não poderia ser outro: Cancelem, cancelem! Cancelem a... como vamos chamá-la mesmo? Foi aí que o vovô entrou na história. Se o avô do negro era negro, a neta do eugenista deve ser eugenista também. Cancelem a eugenista, não a convidem para mais nada, não mencionem seu nome. Cancelem-na!
Fiquei sabendo disso por um artigo da Folha de ontem. Seu autor, Rodrigo Toniol, não lamenta o instituto do cancelamento, mas pisa em ovos para contestar seu uso contra alguém do "campo progressista" que teve sua biografia "ignorada ou então reduzida às suas heranças genéticas".
Adicionalmente, Toniol informa que algo semelhante acaba de acontecer com Lilia Schwarcz - aquela que em recente entrevista ao Esgotão declarou que a faculdade ensina a pensar. Dona de "uma extensa obra sobre racismo e eugenia", Lilia está sendo execrada por uma crítica que fez à cantora Beyoncé.
Veja se é possível, não pode nem falar da Beyoncé!! Esses caras que aprenderam a pensar na faculdade da Lilia estão se saindo melhor que qualquer coisa que a extrema direita (ou sei lá como eles chamam no momento) pudesse encomendar. Mas nós damos todo o apoio, esse show de patetices não pode parar.
Quanto a você, Maria Rita, aguente firme que tudo vai passar. E nada de guardar mágoas depois. Não vá ficar ressentida, por favor.
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