Deve ser como naqueles times em que cada um bate uma vez no craque adversário para evitar o cartão vermelho. Depois de todos os integrantes do "consórcio" cometerem faltas juntos no primeiro dia - o juiz quase nunca dá cartão no início do jogo -, de ontem para hoje o trabalho foi entregue à Folha/UOL.
É lá que você ainda encontra referências explícitas e destacadas às "fake news bolsonaristas transmitidas pelas redes sociais". A mensagem nas entrelinhas é que os jornais nunca mentem, só as redes. Do mesmo modo, os outros partidos também só falam a verdade sem nada distorcer.
Isso vale como regra geral e está na principal manchete da Folha de hoje. Mas obviamente se repete no caso específico do vídeo do Nikolas sobre o Pix, em que um colunista como Josias de Souza nos explica onde está a "desinformação" que ninguém tinha visto:
No vídeo que viralizou, Nikolas soou dramático: "O governo vai monitorar seus gastos."(...) O deputado usou o óbvio - "O Pix não será taxado" - como escada para chegar à desinformação: "Mas não duvido que possa, sim."
Mestre Josias só não tentou explicar porque as pessoas teriam deixado de usar de imediato um meio que só seria taxado no futuro. Talvez porque ao entrar nessa seara se veria obrigado a reconhecer que o verdadeiro problema é o receio de ter o trabalho de guardar detalhes sobre sua movimentação financeira total e ser taxado por ela.
Mas o fato do desgoverno ter admitido que estava de sacanagem e recuado retirou a força desses discursos malandros. Até na Folha/UOL já tem gente admitindo que o problema é a falta de credibilidade da equipe do descondenado. E nos outros membros do consórcio a tendência é ainda mais forte.
O Ex-tadão chega a dizer, em editorial, que Lule "deu uma inacreditável demonstração de covardia" e "já não governa, é governado", pois não consegue resistir a um vídeo postado por um garoto de 28 anos.
Parece que o ex-presidiário deixou seus defensores com o pincel na mão e eles não gostaram, pois a posição se repete em artigos assinados. Tem até um, de Fabiano Lana, dizendo com todas as letras que "é fake news culpar as fake news pelos erros do governo".
Nas Organizações Globo foi ainda mais estranho. Depois de rilhar os dentes para inventar o crime de duvidar do governo, Eliane Canhotêde amanheceu mais calma. E outra raivosa de carteirinha, Invera Magalhães, surgiu toda ponderada para reconhecer que "crises mostram que governo Lule está com a casaca fina".
É, só a Folha ainda está batendo. Mas acho que isso também para hoje. A dor de verificar que eles não pautam mais o discurso da sociedade é forte, mas não dá para exagerar no rancor e se arriscar a levar o cartão vermelho de mais leitores. O negócio é disfarçar, pensar no próprio Pix e esperar as ordens do Sifrônio.
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