Candidato de "ultradireita" e "pró-Rússia", Calin Georgescu venceu o primeiro turno das eleições presidenciais da Romênia com 23% dos votos e deveria enfrentar a candidata pró-Europa no segundo turno de amanhã. Deveria, porque viraram a mesa por lá. E adivinhe quem virou.
Ele mesmo, o Tribunal Constitucional do país, que, em decisão tomada repentinamente ontem, determinou que o primeiro turno seja anulado e refeito mais à frente. Quando? Deixaram para o governo decidir. Anulou por quê? Não se dignaram a explicar oficialmente. Mas dá para desconfiar.
Cristão ortodoxo e nacionalista, Georgescu concorreu sem o apoio de nenhum partido político, quase não deu entrevistas para a imprensa (que pelo jeito é parecida com a daqui) e centrou sua campanha nas redes sociais, com destaque para o Tik Tok.
Seu primeiro "crime" é ter desmoralizado os institutos de pesquisa que lhe davam 6%. O outro é muito parecido com a historinha dos zaps hipnóticos. A diferença é que lá eles não usaram nenhuma putinha do jornalismo, mas "relatórios de inteligência".
Segundo estes, Georgescu contou com uma "estratégia de interferência impulsionada por um governo estrangeiro" - Rússia - que investiu um milhão de euros em pagamentos a influenciadores e realizou milhares de "ataques cibernéticos destinados a dividir a sociedade romena e promover discursos antiocidentais".
Apoiada em tudo isso e utilizando "técnicas avançadas para evitar a detecção do uso de bots", uma rede de 25 mil contas no Tik Tok e grupos no Telegram defenderia o político desde 2022, manipulando as mentes dos pobres romenos.
UE e Ucrânia
Por trás de toda essa palhaçada está o receio da Romênia se afastar da União Europeia e apertar o "cerco" contra a vizinha Ucrânia. O país de 20 milhões de habitantes tem um sistema político em que a figura mais forte é o primeiro-ministro, mas os eurocêntricos já não querem arriscar com o cargo de presidente.
Foram os burocratas da UE que, baseados em sua Lei de Serviços Digitais, "ordenaram" o congelamento de dados do Tik Tok associados à campanha romena. Resta agora saber se o STF de lá não arrumará uma inelegibilidade para seu Bolsonarescu. Se não o tirarem do jogo, é provável que a sua próxima votação seja maior que a primeira.
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