sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Razão e sensibilidade

Louco ou títere de uma ideologia extremista, o perpetrador produziu uma série de consequências que provavelmente não desejava. Suas ações praticamente inviabilizam a anistia a Bolsonaro e aos golpistas do 8/1 - o que é ótimo, diz Hélio Schwartsman na Folha de hoje. E eu concordo com ele.

Meu lado estritamente racional diz que a injustiça contra aquelas pessoas oferece a vantagem de apresentar seus "perpetradores" (obrigado, Hélio) como aquilo que realmente são. Imagine você falar mal dos nazistas sem os campos de concentração, o pessoal pode achar que você está exagerando.

O choro dos filhinhos da moça que escreveu na estátua, a morte de alguém inofensivo como o Clezão e as demais barbaridades tornam mais fácil entender o que está acontecendo, o que aumenta as chances (pouco ou muito, aqui não importa) de evitar que continue a acontecer antes que aconteça com você.

E a recíproca é verdadeira! Hélio, um mestre que deixa meu cinismo no chinelo ao chamar o que os caras fazem de "heterodoxias", conclui o texto acima concordando comigo: Mas elas também dão argumentos para que o STF prolongue suas heterodoxias - o que vai minando a própria credibilidade da corte.

Mas então por que, ao contrário do foicista, a gente fica se preocupando com o destino daqueles inocentes e não acha "ótimo" que eles continuem a sofrer? Pelo incômodo com a injustiça, pela empatia com outros seres humanos, pela sensibilidade, por todas aquelas coisas com que canalhas nojentos como o Hélio não se importam.

Pode ser meio bobo classificar alguém assim porque todos têm pontos positivos e negativos, mas a verdade é que muitos dos Hélios que andam por aí não são equivocados enrolados por um presidiário corrupto ou algo parecido; são pessoas perversas que se comprazem com o sofrimento injusto de outros.

Aeroporto 2024

Mantendo a inspiração cinematográfica, nossa próxima atração poderia se chamar "Apertem os cintos, o aperto dos cintos sumiu". O tal controle de gastos foi sendo adiado, adiado... e desapareceu no horizonte encantado de nossos jornalões. Talvez o mencionem em algum cantinho, mas das manchetes ele saiu de vista.

Como já dissemos ontem, tudo indica que o suicida de Brasília era mesmo um perturbado que agiu por conta própria. Mas ele foi tão conveniente para o desgoverno de plantão que não dá para deixar de pensar naqueles casos em que especialistas manipulam alguém mais frágil para utilizá-lo como um robô.

Aliás, essa sempre foi nossa suspeita sobre o Adélio. Se fosse para contratar um assassino profissional, bandido eficiente é o que não falta no país. Mas colocar a pilha certa em alguém com o perfil adequado permitiria fazer o serviço sem levantar nenhuma suspeita sobre os verdadeiros autores de tudo.

A propósito, a Paula Schmitt fala de coisas parecidas em seus últimos tuítes. Em um ela comenta a possível chantagem sofrida por um nome do PL. Em outro linka artigos que falam de empresas especializadas em manipular pessoas e situações. Gaste alguns minutos do feriado para dar uma lida.

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