sábado, 16 de novembro de 2024

Fogos do passado


Falando no fogueteiro de Brasília, onde andará Rosenery Mello, a Fogueteira do Maracanã, que em 1989, aos 24 anos, jogou o sinalizador que caiu perto do goleiro chileno durante um jogo pelas eliminatórias da Copa de 90. Ela ficou famosa e acabou até virando capa da Playboy, mas o que aconteceu depois?

Com os 40 mil dólares de entrada e o percentual sobre as vendas da revista (um bom dinheiro hoje, muito mais na época), Rose achou que sua hora tinha chegado, chutou o marido com quem tinha um bebê de menos de um ano e saiu pelo mundo se divertindo, dando entrevistas e participando de programas de TV.

Mas o assunto cansou, o dinheiro terminou e, como acontece com muitas moças, a beleza se revelou um resquício da adolescência que não durou muito tempo. Rose mudou para Brasília, voltou para o Rio, vendeu cachorro-quente, virou dona de bar, casou com um militar da Marinha com quem teve mais dois filhos...

Seria hoje uma senhora de 59 anos, a mesma idade do sujeito que se explodiu em Brasília, mas acabou falecendo prematuramente em 2011, após sofrer um aneurisma cerebral. Fiquemos com as boas lembranças.

Prevenção ao terrorismo

A tentativa de vender o doido de Brasília como um perigoso terrorista comandado por uma mão oculta não teve muito sucesso. Os militantes mais raivosos ainda rosnam suas fantasias abertamente por aí, mas os jornalões só exploram o tema disfarçadamente, em possíveis conexões com outros.

Um deles é a anistia aos condenados pelo 8/1. Num editorial especialmente cínico, o Ex-tadão critica Xandão por dizer que uma coisa inviabiliza a outra, mas acaba dizendo que por causa do fogueteiro não se deve mais anistiar ninguém. Ou seja, Xandão só não devia ter antecipado sua decisão porque assim fica explícito demais.

Acontece que devia ser o contrário. A revolta do fogueteiro incluía aquela que todo brasileiro decente sente com a condenação de inocentes por um golpe que nunca existiu. E sua explosão ressalta o pacifismo da outra manifestação. Se os seus fogos não ameaçaram ninguém, imagine se as Bíblias das velhinhas derrubariam um governo.

Outro tema é a prevenção contra ataques terroristas de verdade, pois quem não consegue deter um amador dificilmente teria sucesso contra profissionais. A Polícia Federal responde que monitora cinco mil pessoas que manifestam agressividade contra as autoridades, mas é difícil prever quem vai agir etc.

Cá para nós, eles não conseguiriam nem mesmo impedir que uma nova fogueteira entrasse com fogos no estádio. E o mais interessante é que eles monitoram os suspeitos como a polícia de outros países, através da internet. Se censurassem a rede como alguns tentam, não teriam mais como acompanhá-los.

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