terça-feira, 26 de novembro de 2024

Mudanças climáticas

Colonos vikings se estabeleceram na Islândia pouco antes do ano 900 e um século depois também ocuparam as poucas áreas da Groenlândia que permitiam manter uma atividade agrícola. Dali eles chegaram até o Canadá, mas não conseguiram enfrentar os belicosos indígenas locais e tiveram que recuar.

Relativamente isolados, sem riquezas que atraíssem inimigos de longe, parecia que nada os ameaçava na Groenlândia. Mas depois de quase cinco séculos (a idade do Brasil a partir da descoberta, para fins de comparação), no início dos anos 1400, eles a abandonaram para não mais voltar.

Ataques de esquimós, lutas internas, surtos de novas doenças... muito se especulou sobre os motivos dessa retirada. Mas hoje praticamente todos concordam que ela foi causada pelas mudanças climáticas, pois coincide com o início da Pequena Idade do Gelo, período que só terminou no final dos anos 1800.

O frio em questão não envolveu apenas de colocar uma blusinha por baixo da camisa ou atirar outro tronco na lareira. Calcula-se que a temperatura média baixou cerca de 2° (com mínimos ainda mais gélidos em 1650, 1770 e 1850), causando mudanças dramáticas por todo o planeta.

Rios e mares congelados impediram o comércio e as comunicações. As culturas e o gado definharam. A Finlândia perdeu um terço de sua população e a Islândia, em torno da qual não existia mar aberto em 1695, a metade. As geleiras dos Alpes cobriram aldeias inteiras. E por aí afora.

Mas de tudo se pode tirar alguma vantagem. Na Inglaterra o Tâmisa congelou várias vezes, o que permitiu que os criativos londrinos o utilizassem para realizar feiras como a da imagem acima.

Outros lucraram ainda mais. Foi nessa época que a Rússia se atirou à conquista da Sibéria, até então uma espécie de "Amazônia fria", habitada por tribos selvagens e abandonada pela civilização, em busca de peles de animais que eram vendidas cada vez mais caro na Europa Ocidental.

Em Nova York, no inverno de 1780, a água congelou a ponto de Tia Lúcia poder ir a pé de sua querida Manhattan até Staten Island. E ela caminhava feliz porque, do outro lado, o gelo acumulado nas ruas do Queens impedia que os chinelões do subúrbio (como aquele, você sabe) viessem incomodá-la.

Enfim, isso prova que as mudanças climáticas sempre existiram e existirão. Negacionismo é tentar dizer que as mudanças de agora, muito mais leves que a de épocas passadas, não são causadas por movimentos da natureza, mas pelos humanos que andam por aí de automóvel ou usam geladeira.


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