Já houve época em que foi crime e não dava apenas cadeia, mas pena de morte. E não na África, mas na Inglaterra. Na manhã de 27 de novembro de 1835, em frente à prisão de Newgate, James Pratt (30 anos) e John Smith (40) encerraram essa fila ao serem executados na forca por sodomia.
William Bonill (68) alugava um quarto numa casa de Londres e vivia recebendo visitas de homens que geralmente vinham aos pares. Desconfiados, o proprietário do imóvel e sua esposa esperaram uma dessas duplas entrar e subiram em um prédio próximo de onde podiam ver a janela de Bonill.
Depois ainda espiaram pelo buraco da fechadura para confirmar o que tinham visto ao longe e abriram repentinamente a porta para concluir o flagrante. O proprietário chamou a polícia, que prendeu Pratt e Smith. E na saída pegou Bonill, que estava voltando com a cerveja que tinha saído para comprar.
Apesar de muitas pessoas terem testemunhado o bom caráter de um dos acusados (Pratt) e da fragilidade das provas (apenas a palavra do casal), os dois foram condenados à morte pelo Barão Gurney, conhecido por seu rigor como juiz.
Indicando que o caso chamou a atenção do público, o escritor Charles Dickens visitou os condenados na prisão e relatou suas impressões no jornal do editor John Black, que o acompanhou na ocasião.
As esposas dos condenados pediram por suas vidas. O próprio magistrado que os levou a julgamento solicitou que o ministro do Interior comutasse as penas das duas "criaturas degradadas" porque seu crime não afetava terceiros e os sodomitas ricos nunca eram punidos porque pagavam fiança e fugir do país.
A comutação havia sido concedida em casos similares, aparentemente como norma, em anos anteriores. E em 21 de novembro todos os condenados à morte por outros crimes tiveram suas vidas poupadas. Mas para Pratt e Smith não houve perdão.
William Bonill, ao invés, foi condenado ao degredo. Enviado para a Austrália em um navio com mais 290 prisioneiros, ele chegou à Tasmânia em fevereiro de 1836 e morreu cinco anos depois, em abril de 1841.
Outros tempos.
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