quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Marte e Vênus

Como há arredondamentos e alguns eleitores votaram em outros candidatos, os números dos dois principais nunca somam 100%. Mas o que interessa é que eles são resultado de uma pesquisa de boca de urna (aquelas que nossos institutos não fazem mais) que entrevistou 22,5 mil eleitores americanos.

Claro que para ter uma ideia mais precisa ainda é necessário saber o tamanho de cada segmento e suas combinações. Para não ir muito longe, podemos ficar na mescla abaixo, em que se destaca o percentual do grupo sobre o total de eleitores e o percentual de quem dentro dele votou em Kamala ou Trump:

34 Homens brancos 39 59

37 Mulheres brancas 47 52

06 Homens latinos 44 54

06 Mulheres latinas 61 37

05 Homens negros 78 20

07 Mulheres negras 92 07

06 Asiáticos e Outros 50 45

Marte, planeta vermelho

Comentando rapidamente, dá para dizer que Trump venceu ao conquistar o grupo mais numeroso, das mulheres brancas. Mas o apoio delas foi menor que o dos homens brancos e essa divisão por sexo tem se repetido ao redor do mundo, principalmente entre os jovens, com os homens votando à direita e as mulheres à esquerda.

Nossa visão sobre isso talvez seja considerada meio machista, mas acho que a coisa envolve a tendência (ou a aceitação social) de atribuir seus problemas aos outros. Não cai bem para o homem reclamar de tudo, mas mulher que atribui seus males ao marido ou aos homens em geral é o que não falta, na ficção e na vida real.

Mulheres também gostam de ser mais cuidadas, o que se manifesta de várias maneiras. Elas não perdem a oportunidade de ir ao médico, eles vão quando estão mal. Elas queriam muito mais a vacina protetora vendida pela imprensa, eles eram mais suscetíveis ao discurso de que aquilo era só uma gripezinha.

Na medida em que a esquerda vende mais o "cuidar do povo" e vive colocando a culpa nos outros, é natural que ela atraia mais mulheres. E esse é um tema para o qual a direita em geral deve ficar atenta. Talvez o Trump possa convencer o Elon a lançar um foguete com tripulação feminina que vá para Vênus.

Mudando de cor

Trump até melhorou entre os negros, que são eleitorado quase cativo dos democratas. Mas ele se deu realmente bem entre os latinos, chegando a conquistar a maioria dos votos dos homens latinos. Nossa explicação é bem simples: os negros continuam negros, mas os latinos estão ficando brancos.

Aqui, onde tudo se mistura, os latinos já são brancos. Lá, onde a norma é os negros não se misturarem, a tendência é os latinos se misturarem progressivamente com os brancos, sendo mais aceitos por estes e se vendo de certa forma como estes.

A mocinha branca que foi fazer faculdade volta para a fazenda do interior do Kentucky com o namorado negro. O pessoal é educado e coisa e tal, mas... Na outra opção ela chega com um garoto parecido com o Antonio Banderas ou o Rodrigo Santoro. Pode apostar que a mamãe vai caprichar mais na sobremesa.

As diferenças sociais e educacionais persistem, uma coisa é o namorado ser ajudante geral, outra ser cirurgião. Mas não existindo grande distância nesses aspectos, brancos americanos tendem a se acertar com latinos como nunca fizeram com negros. No fundo, essa também é uma questão de sexo.


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