sábado, 26 de outubro de 2024

Novas fraudes à vista

À venda na Amazon ou no Magazine Luiza em módicas parcelas de algumas dezenas de reais, disponíveis em diversos modelos e cores, os óculos espiões - óculos com câmeras que podem transmitir imagens online, entre outras funcionalidades - já fazem parte da nossa realidade.

Seus primeiros usuários foram representantes do Estado como soldados americanos em campos de batalha ou policiais chineses que observam multidões conectados a softwares de reconhecimento facial. Mas agora qualquer um pode comprar os seus óculos e utilizá-los como bem entender.

Esses dias eu estava vendo um daqueles vídeos curtos do Youtube em que um estrangeiro anda pelas praias do Rio filmando o ambiente descontraído e, principalmente, as banhistas mais interessantes. Ele não diz que filma tudo com óculos, mas creio que arrumaria uma briga ou tropeçaria nas pessoas se estivesse usando uma câmera.

Naturalmente, utilizar o dispositivo de outro modo depende apenas da criatividade. Agora mesmo, nas eleições de primeiro turno, tivemos o caso de Ourilândia do Norte (PA), em que o Irmão Edivaldo, candidato a vereador pelo MDB, pagava 200 reais a quem aceitasse votar nele usando os tais óculos.

A malandragem foi descoberta por uma mesária que estranhou ver tanta gente entrando na cabine de votação com óculos idênticos no bolso da camisa. Mas isso é porque o convite foi deito na hora e o pessoal não estava preparado para disfarçar adequadamente, o esquema passaria batido se fosse melhor organizado.

E aí a gente se pergunta se isso já não está sendo feito com mais competência por outros. Quem garante que compras significativa de votos não estão sendo realizadas, com essa tecnologia ou alguma similar, em lugares em que os mesários não são tão atentos (ou talvez tenham medo de sofrer represálias)?

O coronel que controla os votos pode ser o famoso miliciano das atuais paranoias, mas o modelo é basicamente o mesmo. Podemos estar próximos de um novo tipo de fraude, agora muito mais difícil de ser descoberta. Se é que já não estamos, pois Ourilândia do Norte não deve ser assim tão inovadora.

Mas não contem nada disso para o Barroso, pois ele acha que problema do TSE é não permitir voto impresso e auditável. Além de civilizar a nação, é evidente.



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