Está nas manchetes da Folha: "Moraes manda extraditar brasileiros investigados pelo 8/1 foragidos na Argentina". Seria um erro do estagiário ruim de português? Nada disso, o texto de Constança Rezende - "repórter de Poder Judiciário e Política, formada pela PUC-Rio em 2010" - começa dizendo que Xande "determinou" a extradição.
Lá pelas tantas é que a moça fala em "pedido de extradição" e informa que o Judiciário da Argentina pode se negar a atendê-lo se concluir que as cerca de 60 pessoas lá abrigadas são vítimas de perseguição política. Ou se elas já pediram asilo oficialmente e jogaram a decisão para Milei, faltou Constança dizer.
O que ela não esqueceu foi de seu colega de profissão, o "influencer bolsonarista" Oswaldo Eustáquio, cuja extradição será solicitada à Espanha. A blogueira da Folha chegou a informar que, ao saber do pedido, "o blogueiro disse que essa decisão fará o Brasil passar vergonha em âmbito internacional".
Mas quando você já está pensando que tudo não passou de um erro isolado, abre o UOL e o verbo inapropriado reaparece: "Moraes manda blogueiro bolsonarista ser extraditado", diz o título da matéria escrita pelos "colunistas" Carla Araújo e Mateus Coutinho.
Esse caso é até mais curioso porque o texto sai falando em solicitação de extradição e abre espaço para o advogado de Eustáquio informar que seu cliente não pode ser extraditado por "fake news" e outros "crimes imaginários que não existem em países sérios como a Espanha". Nem na legislação brasileira, os colunistas deveriam dizer.
Ao invés disso, eles decidem estragar de vez seu artigo contando que o exilado é acusado de corromper a própria filha menor. E que Moraes já havia determinado sua prisão quando ele estava no Paraguai, mas o esperto conseguiu fugir para a Espanha "antes de a Interpol cumprir as ordens de Moraes no país vizinho".
Mas se a Interpol ia pegar alguém no Paraguai por que não pega na Espanha? Os colunistas não explicam. Nem podem, pois a realidade é que a Interpol não ia "cumprir ordens de Moraes" em lugar algum, seus pedidos de prisão são usados como papel higiênico pela agência que não se presta a perseguir pessoas por motivos políticos.
Objetivos da desinformação
Como tem gente que só lê as manchetes e tem idiota que aceita tudo, talvez o "manda" seja usado para convencer os imbecis de que as ordens do magnífico ministro são cumpridas até mesmo em outros países.
Mas o que dizer da outra fake news? Filho de paraguaia e residindo numa cidade separada do Brasil por uma avenida, Eustáquio deve ter fugido para a Espanha ao perceber que, como sugere alguém nas gravações do TSE, poderiam enfiá-lo num carro e dizer que o haviam encontrado do lado brasileiro. A Interpol não tem nada com isso.
Usando verbos errados e inventando causalidades inexistentes, os desinformantes tentam criar uma narrativa favorável ao arbítrio, mas essa molecagem só os desmoraliza. No fim não convencem ninguém com um mínimo de inteligência. E ainda levam um puxão de orelhas das Notas de Comunidade do X.
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