Mao mandou matar os pardais para preservar a plantação e os gafanhotos que os pardais comiam acabaram com ela depois. Mao e sua Grande Fome se foram, mas a mania de controlar tudo por decreto sem pensar nas consequências a médio ou longo prazo foi mantida por seus sucessores.
Foi assim que eles incentivaram - e obrigaram, até com abortos forçados - cada família chinesa a ter apenas um filho. No começo o pessoal resistiu, mas depois se adaptou e acabou achando conveniente, pois, com as mulheres trabalhando fora, cuidar das crianças se tornou um fardo mais pesado.
A política do filho único foi mantida da década de 70 a 2015. Foi só então que o Partido percebeu que diminuir a população pela metade a cada geração acabaria causando mais problemas do que o contrário. A partir de 2016 as famílias foram incentivadas a ter dois filhos. E a partir de 2021 o número passou para três.
O problema é que quem está tendo filhos agora são os filhos únicos nascidos nos anos 80 ou 90, que se acostumaram a ver famílias como as deles e não querem ter o incômodo de criar muitas crianças. Como resultado, a população continua diminuindo (e envelhecendo) sem parar.
O governo tentou resolver o problema com incentivos diversos e propagandas que incluem representações gráficas de alegres famílias com três filhos em parques públicos. Mas, vendo que isso não dava resultado, agora está usando o telemarketing para incentivar as moças a se casarem e as casadas a terem filhos logo.
Imagine a chinesinha que casou há pouco tempo atendendo o telefone e a voz do outro lado perguntando: "E aí, querida, já embuchou ou continua enrolando?" O texto da operadora de telemarketing não é exatamente esse, mas as reclamações sobre as cobranças são encontradas nas redes sociais.
Mais pressionados são os jovens militares, que se veem praticamente obrigados a casar e ter três filhos. E a dúvida é o que acontecerá se em algum momento o Partido, com todo o seu autoritarismo, decretar que todas as chinesas devem ter três filhos e revogam-se as disposições em contrário.
A esquerda histérica gostava de apontar o seriado O Conto da Aia, em que mulheres são usadas como reprodutoras em nome da sociedade, como exemplo do que podemos nos tornar se permitirmos que a direita religiosa assuma o poder. Seria divertido ver suas explicações se a profecia acabasse sendo cumprida pelo comunismo ateu.
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Existem países, em geral na África, em que o número médio de filhos por mulher está aumentando. Mas no total ele está ficando abaixo do 2,1 necessário para manter a população. No Brasil a queda tem sido violenta, passando de 2,08 em 2000 para 1,56 em 2020. Em mais algumas décadas começará a diminuição.
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