terça-feira, 29 de outubro de 2024

Já acabou?

Não deixa de ser comovente o esforço de nosso jornalões para proteger o grande derrotado das últimas eleições. Ele se esconde de modo até meio infantil, como a criança que cobre os os olhos com a mão. E eles colaboram paternalmente (e maternalmente também), fingindo que não conseguem vê-lo.

A única coisa meio chata é que eles estavam vendendo 2024 como um terceiro turno de 2022, um embate entre ele, que foi retirado da cadeia e escolhido como símbolo da democracia, e o adversário fascista que comandou a única ditadura cujos correligionários eram perseguidos pela oposição.

Mas seu ídolo presidiário logo percebeu que não enganaria muita gente e se recolheu. E eles tiveram que mudar, deixando de mencioná-lo para se concentrar no fascista e dizer que, embora seu partido tenha sido o que mais cresceu, ele não ganhou tanto assim, na verdade até perdeu.

O truque consiste em falar apenas das forças de direita (ou de direita e centro, a depender do gosto de quem classifica) que, no conjunto, deram uma lavada na esquerda. Como o fascista não controla todas essas tendências, seu poder teria sido diluído e estaria enfrentando contestações em relação a 2026.

Qual é a novidade?

Acontece que Bolsonaro nunca teve domínio sobre políticos como Caiado ou Kassab, não há nenhuma novidade nisso. Se algum deles quiser se candidatar em 2026 que fique à vontade, nenhum está proibido de fazê-lo. Podemos ter três ou quatro candidatos mais à direita sem problema algum.

Mas quem passará ao segundo turno será Bolsonaro ou quem este indicar. E pouco adiantará os outros centristas e direitistas tentarem direcionar "seus" eleitores para a esquerda. Existe a turminha MBL, é claro, mas o melhor exemplo é o do traíra Marçal, que quebrou a cara ao "mandar" quem votou nele apoiar o invasor.

Podemos estar errados e surgir uma grande novidade, nada é impossível. Mas conquistar eleitores de norte a sul e em todas as faixas da sociedade não é para qualquer um e nenhum dos outros nomes à direita se aproxima de Bolsonaro nesse sentido. Dá para apostar tranquilo na bet.

E a esquerda?

Essa é a dúvida. O Molusco tentará se reeleger mais uma vez? Se arriscará a encerrar a carreira com uma derrota? Se não for ele, em quem a esquerda apostará? Tabata? O seu namorado? Um nome antigo? É difícil dizer enquanto o mestre ainda está escondido, esperando que lhe confirmem que já pode fingir que nada aconteceu.

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