202 anos atrás, a essa hora do dia ainda fazíamos parte de um Reino Unido, porém desigual. De um lado havia o povo que lotava as ruas e a terra que gerava as riquezas. De outro estava um pequeno grupo que, controlando o poder político e a justiça, pretendia tratar sua contraparte como uma colônia sem os direitos da metrópole.
202 anos depois, a cerca de uma hora de caminhada do local em que Pedro deu o grito, a parte que sustenta o novo reino vai lotar a avenida e protestar contra a sua opressão. Longe dali, numa cerimônia vazia, os representantes do poder político e da justiça deturpada a celebrarão.
A separação seria a melhor opção para a parte explorada, mas, novamente, os exploradores não querem nem ouvir falar do assunto. E desta vez não há a menor chance dela acontecer. Independência é só um quadro na parede.
Tarado chutado
E o descondenado se viu obrigado a chutar o ministarado depois que este se recusou a pedir afastamento. Segundo as fontes de nossa imprensa, o sujeito teria mostrado a mesma cara de pau que caracteriza o chefe ao insistir que era inocente e ameaçar "sair atirando" e "se vingar de seus algozes".
O Silvão precisa tomar cuidado com esse ressentimento, pois pode acabar virando bolsonarista se o mantiver - é a lei de Lynch. De resto, vitimizar-se é normal para quem viveu de lacração. E o mau-caratismo implícito nas suas ameaças sempre esteve estampado na sua cara de segurança do Baby Doc.
Verdade violada
A descrição da reunião em que a demissão foi decidida é mais uma página ridícula da nossa grande imprensa. Tudo ali engrandece o ex-presidiário que teria se irritado com o uso da máquina para perseguir quem denunciou o tarado e deixado claro que seu governo não pode conviver com casos de assédio.
É exatamente o contrário. O malandro-mor sabia dos abusos há meses e nada fez para coibi-los. Quanto ao uso da máquina contra quem incomoda os pilantras que hoje a controlam, nem é preciso falar.
Os repórteres estão mentindo ao dizer que ouviram isso de "fontes"? A rigor não estão, deve ter gente que disse ter assistido a reunião e lhes passou essa versão. Mas até uma criança pensaria na possibilidade dessa pessoa ter inventado os diálogos para livrar a cara do chefe. Mentem atribuindo a mentira a terceiros.
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