sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Grupo secreto persegue ministro

Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossa luta e histórias, e bloquear nosso futuro. Confesso que é muito triste viver tudo isso, dói na alma, Mais uma vez, há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim condutas que eles praticam. Com isso perde o Brasil, perde a pauta dos direitos humanos, perde a igualdade racial e perde o povo brasileiro.

Como esperado, Sílvio Almeida tenta escapar pelo lado da vitimização grupal, acusando a existência de um complô que, apesar de ter "o único intuito de me prejudicar", logo se torna um ataque contra "as nossas existências" e equivalentes, levado à frente pelos que lhe "imputam condutas que eles praticam".

Quem pratica, cara de tonton macoute? A irmã da Marielle está assediando alguém? O Me Too Brasil, repleto de mulheres e de pessoas negras, está fazendo isso? Dê nome aos bois, diga-nos quem faz parte desse misterioso grupo que pretende denegrir seu nome (além de "apagar nossa história" e todo o resto, claro).

Na imprensa é que não deve ser, principalmente naquela que adora condenar previamente quem é acusado de crimes como esse. No UOL, exemplo maior dessa linha, só há uma notinha lá no canto. E a comentarista Alícia Klein, que por acaso é "embaixadora" do Me Too, preferiu falar sobre um feminicídio ocorrido na África.

Uma maratonista de Uganda morreu após o namorado lhe jogar gasolina e acender o fósforo. Olha aí, Silvão, o acusado de lá - acusado, pois "toda e qualquer denúncia deve ter materialidade" - também é um homem negro. Será que tudo isso não é parte do esquema desse grupo que quer "apagar e diminuir nossas existências"?

O problema é que não é só a irmã da falecida, é um grupo mesmo. Além de outras denunciantes, a revista Veja revela que alunas da universidade São Judas Tadeu, onde o futuro ministro lecionou de 2007 a 2012, contam que ele lhes oferecia a oportunidade de passar de ano sem estudar, se é que você me entende.

Até um homem, um advogado que trabalhou sob as ordens do ministro, se diz aliviado pela verdade ter vindo à tona. No caso dele o abuso não foi sexual, Silvão não é tão ligado nas minorias assim, foram gritos e acusações de que os subordinados não o respeitavam como devido porque era racistas e ele era negro.

Parece que o cara é craque nessa de chutar o adversário e se jogar no chão como se tivesse sido atingido pela vítima. E sua história pode colar, pois os juízes finais desse jogo serão todos petistas, mestres nesse tipo de malandragem que não devem querer perder um pupilo tão promissor. A não ser que...

A não ser que o "grupo" esteja lá dentro, em gente que anda anunciando que quer voltar a atuar e estaria tentando chutar o ministro para abocanhar seu ministério. Quem denunciou o caso na Folha foi Mônica Bérgamo, quem escreveu a matéria da Veja foi Matheus Leitão, filho da Miriam. Um nome por trás das duas é Zé Dirceu.

Calma, Silvão, calma, esse "por trás" não é o que você está pensando.



Nenhum comentário:

Postar um comentário