O movimento do X tem caído a nível mundial, diz um artigo da Folha (aqui) publicado originalmente no Financial Times. O motivo não é censura, que afeta o aplicativo em países com lideranças totalitárias. É justamente o seu oposto, a liberdade de expressão restaurada por Elon Musk.
Quem prefere migrar de um espaço onde todos têm liberdade para um cantinho habitado apenas pelos que pensam mais ou menos como ele e os dissidentes são sumariamente eliminados? Eis uma resposta que nós aqui do blog conhecemos melhor que ninguém: os esquerdistas.
Segundo o Estudo Eleitoral Britânico, cerca de 30% dos britânicos mais progressistas postavam sobre política na plataforma entre 2015 e 2019. Este ano, enquanto os mais conservadores continuam propensos a postar como antes, a participação dos progressistas caiu para 15%.
Metade dos "progressistas" britânicos - e no resto do mundo não deve ser diferente - não suportou a abolição da censura aos adversários e se refugiou em opções como o Bluesky, onde forma bolhas em que é possível se expressar sem o risco de qualquer contestação mais vigorosa.
Claro que os "progressistas" dão outras justificativas. Eles argumentam que não estão fugindo dos adversários, mas tentando elevar o nível do debate, discutir temas mais profundos com pessoas mais sérias e o restante do cardápio que nós também conhecemos muito bem. A Tia do Chapéu é um padrão mundial.
Por quê?
Sem querer ir muito longe, eu acredito que um dos grandes motivadores desse comportamento é a velha vaidade. O típico "progressista" foi ensinado a se ver como alguém mais evoluído, mais intelectual. Entre os seus, todos colaboram para manter essa fantasia comum. Mas fora dali qualquer um pode destruí-la com relativa facilidade.
Veja o caso do "historiador e intelectual" César Calejon. Acostumado a "discutir" apenas com quem pensa da mesma forma, o sujeito não via problema algum em se horrorizar com o autoritarismo de Bolsonaro, defender a democracia e os direitos humanos, e apoiar o regime cubano, tudo junto e misturado.
Mas o cara foi discutir de verdade com a cubana Zoe Martinez, uma jovem de 20 anos, e travou quando ela lhe perguntou se Cuba era ou não um ditadura. Parece incrível, mas é provável que em décadas de palestras progressistas ninguém tenha tentado resolver a brutal incoerência dessa parte de seus discursos.
Passar essa vergonha em público não deve ser agradável. É melhor inventar uma desculpa e voltar para a casinha em que todos combinaram que o respeito aos direitos humanos será discutido pela manhã e o apoio à luta do governo cubano será o tema da tarde, tudo bem isolado e separado.
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