Como bom isentão, Diogo Mainardi tenta justificar o que fez com falsas equivalências entre as duas opções de 2022. Um permitiu o desvio de centenas de bilhões e outro só entregou o relógio quando o TCU solicitou, um sempre quis censurar geral e outro processou sua revista... Pronto, está provado que eles são iguais.
Ontem ele se superou. Para o Reinaldo de Gôndola, a eleição de São Paulo está criando uma espécie de terceira via orgânica porque o candidato do Molusco é rejeitado e Bolsonaro "se excluiu sozinho", "porque quem tem dois candidatos não tem nenhum".
É como se 2 fosse igual a 0 porque ambos estão à mesma distância do 1. Mas o maior erro da matemática isentona está em não perceber que a ordem desses fatores não pode ser invertida nas atuais condições políticas brasileiras.
Ambos poderiam ir para 0, mas isso não é verdade para o 2. A esquerda jamais aceitaria um candidato que se autonomeasse representante do lulismo e tentasse dividi-lo, seus políticos não admitiriam essa contestação à vontade do grande timoneiro e seu eleitor tampouco o apoiaria.
Isso só é possível do outro lado porque Bolsonaro não é centralizador e autoritário como o expre. E porque, ao contrário do verdadeiro gado da esquerda, seu eleitor médio é capaz de continuar a apoiá-lo sem necessidade de segui-lo cegamente em tudo.
Uma decorrência dessa diferença é que a esquerda está presa à figura do expre e, como provou Haddad em 2018, ninguém conseguirá substituí-lo à altura quando se tratar de uma eleição para o cargo máximo. Seu candidato sempre ficará abaixo do 1.
Já a direita estará presa a Bolsonaro - ou a quem ele indicar - em 2026. Mas isso é circunstancial, causado pelo sentimento de injustiça deixado pela eleição anterior. Numa situação normal, se ele não pudesse concorrer alguém poderia disputar o voto direitista como agora em São Paulo, haveria espaço para o 2.
E aí a gente volta ao que aconteceria se Bolsonaro tivesse sido reeleito. Já velho e derrotado após sair da cadeia, o Molusco dificilmente tentaria voltar em 2026. Bolsonaro não poderia se candidatar a um terceiro mandato e indicaria um herdeiro, mas outro nome de direita poderia disputar o eleitor bolsonarista com grandes chances.
2+1=3. Em 2026 estaria aberto o caminho para a terceira via (em princípio de direita) que os isentões dizem tanto querer. No entanto, ao ajudarem na prática o Molusco a se eleger, eles transformaram a próxima eleição numa repetição da de 2022.
No final de A Dança dos Vampiros, eles fogem durante a noite com o professor dirigindo o trenó enquanto seu ajudante (Polanski) ampara a mocinha que salvaram (Sharon Tate) no banco de trás. Só que ela também virou vampiro e o morde, de maneira que, como diz o narrador, eles acabam por levar para o resto do mundo o mal que queriam destruir. Boa sexta-feira 13 para todos.
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