Todo mundo já sabia, pois se o famoso vídeo do aeroporto de Roma confirmasse a versão do regime não haveria motivo para escondê-lo. Além disso, a polícia italiana já havia dito que o filho do ministro agrediu o Mantovani (com palavras e um safanão) e este apenas reagiu com um gesto que mal o atingiu.
A parte da agressão verbal não apareceu, o vídeo apresentado pela PF estava com trechos cortados! Mas a perícia independente, finalmente realizada depois de mais de um ano de insistência, comprovou: foi o filho do Xande quem deu um tapa na nuca do Mantovani, que revidou de forma leve e automática.
Não foi o malvadão bolsonarista que saiu ofendendo o digno ministro e depois agrediu o pobre menininho com uma pancada que lhe arrancou os óculos, como mentiram com mangá os integrantes da imprensa conivente com os desmandos e versões fantasiosas do atual regime ditatorial.
Ditatorial?
Talvez não seja essa a palavra adequada, pois, tomando como exemplo o regime militar, eu não recordo de um episódio em que o filho de um general agrediu um cidadão brasileiro no exterior e seu pai passou a persegui-lo no país, acusando-o falsamente, ordenando a invasão de sua residência e outras arbitrariedades.
O caso lembra muito mais o pontapé que um nobre deu certa feita no traseiro de Mozart. Por que o sujeito bateu? Porque teve vontade e ele podia ser um idiota ignorante, mas era um nobre, tinha direito a fazer o que quisesse com quem, apesar de genial, pertencia à classe inferior.
Me fez lembrar também dos filhos de Sadam Hussein, que faziam o que bem entendiam com iraquianos e iraquianas porque o papai era o dono do país e quem não se submetesse às suas vontades seria preso, torturado e morto. Ou ao menos ofendido e agredido como o Mantovani foi.
É algo ditatorial, mas não é toda ditadura que desce a esse ponto. Alguns acham exagero comparar o atual regime brasileiro ao nazismo, mas embora a violência não o seja, a mentalidade é a mesma: existe uma raça superior que não precisa respeitar lei alguma, e uma inferior que não tem direito algum.
E existe o gado
O gado vibra com as arbitrariedades, idolatra os que as praticam. Dá vazão ao seus rancores sentindo-se parte dos superiores, das "autoridades", um dos que manda. É apenas manipulado por eles, mas sonha que poderia dar ordens como eles e todos teriam que obedecê-lo.
Nem imagina que é mais fácil ele se tornar alvo das injustiças que aplaude. Ou que estas um dia venham a atingir um irmão, um filho, um sobrinho querido, qualquer um com quem a "autoridade" (ou seu filho) decida implicar. Quer dizer, às vezes ele pensa isso. Mas não muda, não adianta.

Nenhum comentário:
Postar um comentário