Nosso jornalismo é mesmo fantástico. Vendo as recentes imagens do pessoal cantando o hine brasileire, você pensaria em uma manchete como "Lule canta hino em linguagem neutra" ou "Lule e Boulos cantam...". Mas o Molusco sumiu, lendo as chamadas você tem a impressão de que o playboy invasor estava sozinho.
Falei só das manchetes porque lá pelo meio eles devem falar em todos os presentes ao ato, mas não li as matérias. Também não leio as críticas aos abusos daquele ministro do STF porque sei que eles vão dizer que "agora" (que a eleição passou) ele deve voltar a respeitar a lei. O cinismo é explícito demais.
Mas nesse último caso eu tenho uma dúvida. O ministro foi mesmo tomado pela volúpia do poder sem limites e não quer cumprir o trato de parar a tempo do pessoal esquecer o que eles fizeram na eleição presidencial passada? Episódios como a perseguição aos Mantovani e à filha adolescente do Eustáquio indicam isso.
Ou o plano inclui uma parte intermediária em que o ministro continua a desempenhar o papel de malvado para que a imprensa se mostre como defensora da democracia e das liberdades individuais? Seja qual for a malandragem, acho que não vai funcionar. Não adianta criar uma manchete quando a imagem que todos viram mostra outra coisa.
Macron amadureceu
Não é no sentido de deixar os arroubos juvenis para trás, nesse aspecto poderíamos dizer que o presidente francês já apodreceu. Ele está maduro no sentido bolivariano do termo, pois também se recusa a respeitar o resultado da eleição que convocou e vai mantendo seu primeiro-ministro no poder.
O cara se aliou à extrema esquerda para derrotar a direita no segundo turno, mas agora se recusa a aceitar o indicado pelos extremistas, vencedores nominais da eleição. E estes tampouco aceitam indicados por Macron porque fizeram um acordo eleitoral, mas não querem se amarrar à sua crescente impopularidade.
Malandro que é, o presidente tentou dar um chapéu nos aliados de ontem, formando uma maioria capaz de escolher o primeiro-ministro ao juntar seu partido com uma parcela menos extremista da esquerda mais a centro-direita. Mas aí foi esta que recusou, pois também não quer ser amarrar à bola de chumbo que está afundando.
A direita (a "ultra", que teve um terço dos votos no primeiro turno) está ainda menos disposta a facilitar sua vida. E a esquerda (a ultra de verdade) já o acusa de estar dando um golpe. Esperteza demais come o esperto, vamos ver até onde o cara consegue enrolar todo mundo.
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