Deve ser uma lei nova, seu texto deve dizer algo como: "Artigo 65666768 - Imitar macaco; fazer gestos ou sons que possam ser associados por outrem a esses animais - pena de 5 anos de detenção." Mas a polícia já está atenta, pronta a identificar e deter os infratores. Pelo menos a polícia do Rio.
Esses dias foi um casal que imitou macaco enquanto sambava numa casa noturna da cidade. A imprensa, sempre alerta contra a criminalidade, correu para lá e entrevistou o proprietário do local, para quem tudo se resolveria se os brancos nojentos fossem proibidos de frequentar aquele espaço.
A polícia também não perdeu tempo e abriu inquérito contra o casal. A reportagem dizia que foi por racismo, mas deve ser erro do jornal porque se fosse por racismo o dono do sambão deveria ser o primeiro a ser investigado. O crime deve ser mesmo imitar macaco.
E isso parece se confirmar com a manchete de O Globo de hoje: "Polícia investiga homem que imitou macaco em briga de trânsito; veja vídeo." Veja lá se quiser, eu é que não vou estragar minha manhã de sábado assistindo imagens pesadas logo cedo, o Rio está mesmo entregue à bandidagem.
Mas não pense que a lei surgiu por pressão dos cariocas. É mais fácil que a iniciativa tenha partido de deputados nordestinos, pois em algumas regiões rurais do Nordeste até o termo é proibido. Ao invés de "macaco" os sertanejos usam "pula-pula" ou "dezessete" (grupo do macaco no jogo do bicho).
Nessa hipótese, a origem distante da lei não é nada legal. Dizem que os integrantes do bando do Lampião passaram a chamar os soldados que os perseguiam de macacos e proibiram o povo de usar essa palavra. Se nem falar podia, imagine o que os colegas do Corisco faziam com quem imitasse macaco.
O curioso é que hoje a polícia combate esse crime hediondo, mas o apelido lançado pelos cangaceiros se estendeu para militares e integrantes das forças de segurança em geral. Vendo a coisa por esse ângulo, imitar macaco poderia ser uma coisa bacana, sinônimo de imitar policial.
Mas eu acho que não é muito inteligente você usar essa linha de argumentação se algum guarda por acaso o parar no trânsito do Rio por imitar macaco. Creio que nesse caso seria mais conveniente se mostrar simpático, engatar uma conversa agradável e explicar que tudo não passou de um mal entendido.
Conforme as coisas evoluam, dá até pra convidar o agente da lei para tomar uma gelada naquele calorão. Ou, se ele não puder na hora porque está em serviço, deixar o dinheiro da cervejinha para o amigo tomar depois por sua conta. Se o guarda aceitar, tem até uma gíria para quem age assim: mão de macaco.
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